PERISCÓPIO
A crise económica provocou, como era previsível, o aumento do desemprego, mas também outros males, entre os quais o crime e a mendicidade, causados não raro pelo desespero de quem não consegue levar pão para casa.
Nestas ocasiões é que mais se faz sentir a fragilidade das instituições do Estado destinadas a prevenir e resolver os problemas sociais. Um Estado que não previne situações desta natureza está falido ou corre o risco disso. Parte das razões, no nosso caso, devem-se, uma vez mais, à trafulhice acobertada no sentimento de impunidade tornado hábito que, infelizmente, ainda vai levar tempo esmagar.
Empresas que não entregaram à Segurança Social o que descontaram aos trabalhadores, reformas de professores pagas a analfabetos comprovados, folhas de vencimentos de “funcionários fantasmas” e sobrefacturações, entre outros cambalachos, têm responsáveis. Que, apesar do cerco que começou a ser feito à corrupção, continuam à solta, com vida farta e “a cantar de galo” enquanto “pilha-galinhas” estão atrás das grades em prisões sobrelotadas.
A crise angolana podia sentir-se de forma menos agressiva se várias instituições do Estado cumprissem, desde sempre, o papel que lhes está destinado. Havia menos fome, menos “pilhagalinhas”, cadeias menos cheias, mais segurança.