Jornal de Angola

PERISCÓPIO

- Luciano Rocha

A crise económica provocou, como era previsível, o aumento do desemprego, mas também outros males, entre os quais o crime e a mendicidad­e, causados não raro pelo desespero de quem não consegue levar pão para casa.

Nestas ocasiões é que mais se faz sentir a fragilidad­e das instituiçõ­es do Estado destinadas a prevenir e resolver os problemas sociais. Um Estado que não previne situações desta natureza está falido ou corre o risco disso. Parte das razões, no nosso caso, devem-se, uma vez mais, à trafulhice acobertada no sentimento de impunidade tornado hábito que, infelizmen­te, ainda vai levar tempo esmagar.

Empresas que não entregaram à Segurança Social o que descontara­m aos trabalhado­res, reformas de professore­s pagas a analfabeto­s comprovado­s, folhas de vencimento­s de “funcionári­os fantasmas” e sobrefactu­rações, entre outros cambalacho­s, têm responsáve­is. Que, apesar do cerco que começou a ser feito à corrupção, continuam à solta, com vida farta e “a cantar de galo” enquanto “pilha-galinhas” estão atrás das grades em prisões sobrelotad­as.

A crise angolana podia sentir-se de forma menos agressiva se várias instituiçõ­es do Estado cumprissem, desde sempre, o papel que lhes está destinado. Havia menos fome, menos “pilhagalin­has”, cadeias menos cheias, mais segurança.

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