Sociedade lamenta a morte de “Pepino”
Presidente da República considera ciclista ícone do desporto pelos seus feitos no país e no mundo, que deixa como legado para futuras gerações
A morte, sábado, de Alberto da Silva “Pepino” está a comover o país. Em Benguela, sua terra natal, é lembrado como um ícone do desporto. O Presidente da República, João Lourenço, reconhece que “Pepino” granjeou o respeito de todos os angolanos a partir do momento em que, jánumaidadeavançada, demonstrouacapacidade de se superar e de servir de exemplo para as novas gerações.
Alberto da Silva “Pepino”, ciclista angolano falecido sábado à noite, no Hospital Central de Benguela, aos 95 anos, por paragem respiratória, “foi verdadeiro ícone do desporto nacional e internacional”, sublinha o Presidente da República, João Lourenço, na mensagem de condolências divulgada ontem.
O Chefe de Estado destaca os inúmeros títulos conquistados por Pepino, ao nível nacional e internacional, e exprime "profundas condolências" à família do ciclista.
“Com profunda consternação, tomei conhecimento do passamento físico do ciclista veterano benguelense Alberto da Silva, marceneiro de profissão, a quem os seus familiares, amigos e admiradores apelidavam carinhosamente de “Pepino”, escreve João Lourenço.
O Presidente da República reconhece, ainda, que Alberto da Silva “Pepino” granjeou em vida o respeito de todos os angolanos, a partir do momento em que, já numa idade avançada, “demonstrou a capacidade de se superar e de servir de exemplo para as novas gerações”, envolvendose em competições em que, empenhada e dedicadamente, “punha à prova e excedia os seus próprios limites de resistência”.
João Lourenço destaca os títulos nacionais e internacionais conquistados ao longo da carreira, em especial a participação, em 2009, nos Jogos Olímpicos da Terceira Idade, em São Francisco, nos EUA, para onde regressou quatro anos depois, “tornando-se campeão mundial na sua categoria”.
Após destacar que Pepino recebeu, em vida, inúmeras medalhas como reconhecimento pelos seus feitos em prol do ciclismo, o Presidente da República expressa o desejo de que o seu legado de humildade, força de vontade, disciplina, dedicação ao desporto e de amor à Pátria sirva de “exemplo” para as actuais e futuras gerações.
Na visão do Presidente da República, essas qualidades de Pepino “são a melhor expressão das reais qualidades do povo angolano”.
Homem de causas
Recentemente, o veterano pedalou 34 quilómetros, em 1 hora, 44 minutos e 38 segundos, no percurso Benguela-Talamajamba, numa iniciativa inserida nas manifestações alusivas aos 57 anos do início da Luta Armada.
Em 2015, com 92 anos, pedalou 40 quilómetros no mesmo trajecto, em 1 hora e 19 minutos, com o propósito de homenagear os heróis do 4 de Fevereiro de 1961.
Quando tinha 53 anos, 1973, como lembra a Lusa, Alberto da Silva correu a pé, em 47 horas, a distância entre Huambo e Benguela. Fora uma aposta com amigos e ganhou 100 mil escudos portugueses pelo feito.
Mais tarde, em 1975, por ocasião da Independência, superou o recorde pessoal, ao cobrir, também a pé, os 700 quilómetros que separam Benguela de Luanda, saudando a liberdade do país e os seus precursores, em memória das viúvas e dos órfãos da guerra, ganhando a simpatia de todo o povo angolano. Em 2005, decidiu fazer o mesmo percurso em bicicleta.
Ao celebrar o 95.º aniversário, em Outubro do ano passado, realizou uma “pedalada” de 45 quilómetros em Benguela, na companhia de dezenas de jovens ciclistas da cidade.
Verdadeiro nacionalista, Pepino era proprietário da Marcenaria Muxima, encravada nas traseiras do Hotel Luso, propriedade da família, em Benguela. Foi amigo pessoal do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, a quem, segundo reza a história, chegou a oferecer uma mobília completa.
Em Julho último, os seus feitos em prol da nação angolana foram reconhecidos pelo Ministério da Juventude e Desportos. Inspiração para os mais novos e mais velhos, Alberto da Silva deverá ver em breve o seu nome ligado a uma prova anual com a designação “Troféu Pepino”.
Há uma semana, Pepino queixou-se de uma gripe, mas continuou a fazer uma vida normal. Às 22 horas de sábado, familiares e amigos esperavam pelo corpo do veterano atleta na morgue do Hospital Central de Benguela, onde tinha sido internado no mesmo dia com problemas respiratórios.