CONCURSO PÚBLICO
Ministério da Educação recuou na admissão de candidatos com nota inferior a dez valores
O Ministério da Educação
recuou na admissão de candidatos que tiveram uma nota inferior a dez valores no concurso público de ingresso de professores, ao contrário do que havia publicado, no mês passado, dias depois da realização das provas.
Em comunicado, o Ministério da Educação diz que os candidatos a admitir são aqueles cujas notas estão no intervalo entre 20 e 10 valores, na ordem decrescente e vai ser em função do número de vagas disponíveis.
O recuo do Ministério da Educação acontece numa altura em que recebeu várias críticas da sociedade, por ter admitido candidatos com notas que estão abaixo de dez valores.
Desta forma, está prevista a publicação de lista final dos candidatos apurados a partir do dia 5 de Setembro, o que implica que algumas pessoas que, anteriormente, estavam aptas e com uma nota inferior a 10 valores já não vão fazer parte dos quadros do sector da Educação.
O Jornal de Angola tentou ontem aceder ao sítio na Internet, onde estavam disponíveis os nomes dos candidatos e as respectivas notas, mas já não foi possível efectuar tal consulta.
O Ministério da Educação fez a correcção da falha numa altura em que decorre a fase de análise e de reclamações dos resultados das provas escritas.
O comunicado de imprensa não faz referência ao que será feito caso o número de candidatos apurados não preencha as 20 mil vagas abertas para este ano.
O sociólogo e professor universitário Paulo de Carvalho criticou, há dias, nas redes sociais, o Ministério da Educação por ter optado pela admissão de candidatos a professores que reprovaram no concurso.
Paulo de Carvalho comentou o facto de o concurso público não ter estabelecido inicialmente a nota mínima para a admissão, dando o exemplo do que acontece numa sala de aula, quando se aplica uma prova, onde há notas positivas e negativas.
O sociólogo acentuou, mencionando as pautas que circulam pelas redes sociais, que foram admitidos candidatos que obtiveram na prova de selecção notas de nove e até de dois valores em 20 possíveis.
Ao questionar o sistema de ensino com o nível baixo de aprovação, apontou que, para se apostar na qualidade do ensino, é necessário “peneirar” durante a admissão de professores, que são os primeiros responsáveis pela qualidade dos conteúdos transmitidos aos alunos.
“De que vale dizermos que precisamos de 20 mil professores e o Estado fazer uma aposta em tão grande admissão, para as pessoas responsáveis por esse processo falharem tão redondamente, a ponto de qualquer angolano se aperceber que assim não vamos lá?”, disse o sociólogo.
Ao sublinhar que também discorda das admissões do género que ocorrem na Universidade, Paulo de Carvalho sugeriu que mais vale admitir pouco, “mas verdadeiros professores, para, no futuro, realizar um novo concurso, com regras mais correctas, para completar as vagas”.
O professor disse que as crianças e jovens angolanos merecem "gente mais capacitada para trabalhar na gestão de um sector tão vital como da Educação".
A lista final dos candidatos apurados vai ser publicada no dia 5 de Setembro, o que implica que todos os aprovados com menos de dez valores não podem fazer parte dos quadros do sector da Educação