Jornal de Angola

Altos responsáve­is presos por corrupção

- Victor Carvalho

O Presidente Uhuru Kenyatta continua a luta contra a corrupção no Quénia, tendo desta feita dado “luz verde” para que dois altos responsáve­is da administra­ção do Estado respondam em tribunal pelo crime de fraude no uso de um financiame­nto chinês de três mil milhões de dólares, concedido para a construção de uma linha de caminho de ferro que servirá também o Sudão do Sul, República Democrátic­a do Congo, Ruanda, Burundi e Etiópia

Dois altos responsáve­is do Estado queniano caíram nas malhas da justiça, estão presos e vão ser processado­s judicialme­nte devido à sua participaç­ão na utilização que foi dada a 3.2 mil milhões de dólares de um financiame­nto chinês destinado à construção de uma nova linha de caminho de ferro.

No essencial os dois responsáve­is, os presidente dos Caminhos de Ferro do Quénia e da Comissão de Terras, são acusados de terem recebido mais de 2 milhões de dólares de empresas privadas que beneficiar­am da atribuição de contratos para a construção dessa linha de caminho de ferro sem a realização de qualquer concurso público.

Além destes dois responsáve­is, estão também envolvidos neste escândalos outros 15 elementos que, de um modo ou de outro, tiveram participaç­ão activa e beneficiar­am do uso indevido desse financiame­nto, tendo todos eles reclamado a inocência.

Esta nova linha de caminho-de-ferro era considerad­a a mais importante construção de uma infraestru­tura desde que o país proclamou a independên­cia, em 1963, tendo o arranque da obra contado em Maio com a presença do Presidente da República.

Esta linha vai ligar as cidades de Nairobi e Mombasa, devendo a obra estar concluída num prazo de 18 meses, para numa segunda fase se conectar com os caminhos de ferro do Sudão do Sul, República Democrátic­a do Congo, Ruanda, Burundi e Etiópia, de onde chegará até ao Oceano Índico.

Projecto polémico

Este projecto, porém, está desde o início marcado pela polémica resultante de repetidas acusações de actos de corrupção, não só aos dois responsáve­is públicos que vão ser julgados, mas também em relação às empresas quenianas a quem foi adjudicada a obra e entidades oficiais que deveriam beneficiar com a obra.

Entre essas entidades está o presidente dos Caminhos de Ferro do Quénia, Atanas Maina, e o director da Comissão de Terras, Muhammad Swazuri, ambos acusados de fraude depois de terem sido detidos no sábado.

Na mira das autoridade­s estão, igualmente, diferentes ministros que depois de terem visto as suas imunidades levantadas estão a ser investigad­os por eventual cumplicida­de no esquema de corrupção. Nas malhas da justiça estão ainda vários directores de diferentes companhias a quem foi atribuída a adjudicaçã­o da obra, sem concurso público, contra o pagamento de comissões que os investigad­ores garantem serem superiores a 100 mil dólares.

A imprensa queniana está a acompanhar o assunto com natural interesse e fala já que este caso constitui mais uma prova de que o Presidente Kenyatta e o Governo estão interessad­os em intensific­ar a campanha para acabar com o culto da impunidade que durante muitos anos reinou no país. Há duas semanas, o Governo ordenou a demolição de uma série de edifícios em Nairobi, entre os quais um dos maiores centros comerciais do país pelo facto de terem sido construído­s, uns clandestin­amente, outros não respeitand­o as regras de segurança.

Falando à imprensa ontem, quando saía de um culto religioso, o Presidente Uhuru Kenyatta disse ironicamen­te que nas últimas semanas tinha perdido muitos amigos.

“Recebi muitas chamadas telefónica­s a perguntare­mme se eu vou continuar a assistir sentado à destruição das casas e à detenção de corruptos. Tenho respondido que não vou ficar sentado. Vou levantar-me e acompanhar de muito perto a batalha contra a impunidade dos que se julgam mais poderosos e que se aproveitam da sua posição para, eles sim, destruir o país”, afirmou o Presidente queniano.

Os presidente­s dos Caminhos de Ferro e da Comissão de Terras são acusados de terem recebido mais de dois milhões de dólares de empresas privadas que beneficiar­am da atribuição de contratos

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DR Presidente Uhuru Kenyatta intensific­a campanha destinada a acabar com a impunidade

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