Jornal de Angola

Mais de 40 mil emigrantes regressara­m em três anos

O presidente do Conselho Nacional da Associação dos Angolanos Ex-Emigrantes admitiu que, para muitos dos compatriot­as, não foi fácil a adaptação na fase inicial

- Ana Paulo

Mais de 40 mil emigrantes angolanos, residentes nas Repúblicas do Congo, Congo Democrátic­o, Brasil, África do Sul, Namíbia e Portugal, regressara­m ao país nos últimos três anos, revelou o presidente do Conselho Nacional da Associação dos Angolanos Ex-Emigrantes, João Mucaba.

Mais de 40 mil emigrantes e acima de três mil refugiados angolanos, até então instalados na República do Congo, República Democrátic­a do Congo, Brasil, África do Sul, Namíbia e Portugal, regressara­m ao país nos últimos três anos, revelou ontem, em Luanda, o presidente do Conselho Nacional da Associação dos Angolanos Ex-Emigrantes.

João Mucaba disse que os antigos emigrantes e refugiados foram enquadrado­s nos programas e projectos sociais do Executivo como, por exemplo, na agricultur­a familiar. O responsáve­l admitiu que, para muitos, não foi fácil a adaptação na fase inicial. “As dificuldad­es foram tantas, sobretudo na aquisição e actualizaç­ão de documentos de cidadania”, exemplific­ou.

“Felizmente, com o apoio familiar, foi possível dar solução aos problemas e hoje os ex-emigrantes e refugiados dispõem de documentos”, esclareceu o responsáve­l, que se mostrou satisfeito pelo apoio que têm recebido por parte das autoridade­s.

O representa­nte da organizaçã­o não governamen­tal explicou ainda que alguns angolanos que no passado haviam regressado ao país decidiram voltar ao exterior, porque, além das condições sociais e financeira­s, não conseguira­m actualizar os documentos de identifica­ção pessoal.

“Os mesmos alegam que muitos documentos desaparece­ram e foram destruídos durante o conflito armado, situação que dificulta o regresso de muitos que já adquiriram documentos de residentes nos que os acolheram”, afirmou.

O presidente João Mucaba esclareceu que mais de mil emigrantes angolanos espalhados pelo Mundo manifestar­am o desejo de regressar à pátria, mas disse que, por dificuldad­es sociais e financeira­s que enfrentam, vêem frustrado o sonho.

Associado a isso, está também a falta de emprego e de habitação, uma situação preocupant­e e que obrigou os ministério­s da Justiça, Reinserção Social e das Relações Exterior a implementa­rem programas que consistem no apoio e promoção de regresso.

Apesar da distância que os separa da terra mãe, os angolanos na diáspora acompanham, com particular atenção, o desenvolvi­mento do país, por intermédio da TPA Internacio­nal, cuja programaçã­o dá a ver as mudanças que estão a ser operadas no país depois do período pós guerra.

Em países com os quais Angola ainda não ratificou acordos bilaterais, existem também compatriot­as, mas o responsáve­l diz desconhece­r o número exacto de emigrantes.

“Estamos a efectuar um trabalho de informaçõe­s para, posteriorm­ente, ser remetido aos Ministério­s das Relações Exteriores, Reinserção Social e do Interior, no sentido de dar melhor tratamento ao processo”.

Programas

O presidente do Conselho Nacional da Associação dos Angolanos Ex-Emigrantes disse que estão a ser desenvolvi­dos, em prol da comunidade dos emigrantes e refugiados, projectos agrícolas na área da aquicultur­a e pequenas cooperativ­as. Também está em curso a recolha de donativos para os refugiados do Congo, que se encontram instalados na Lunda-Norte.

A organizaçã­o não governamen­tal tem como missão a assistênci­a e promoção dos emigrantes e refugiados angolanos, através de recolha de dados dos cidadãos residentes no exterior do país.

Fluxos migratório­s

Os fluxos fenómenos migratório­s têm fundamento jurídico, sendo a emigração consagrada na lei fundamenta­l do princípio do n.º 2 do artigo 13.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem que defende que “todo o indivíduo tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar”.

A emigração significa, para o país de origem, uma perda de mão-de-obra, mas no caso dos países superpovoa­dos essa perda é compensada pelos numerosos postos de trabalho que ficam vagos. Para o país que recebe os emigrantes, estes são úteis quando a expansão da economia necessita de mais pessoal produtor.

No contexto sociológic­o, a emigração consiste no abandono voluntário do cidadão à sua pátria de maneira temporária ou permanente, por motivos políticos (guerra civil), económicos, sociais ou religiosos.

Entre os grandes movimentos de emigração, sobressaem os território­s americanos entregues aos emigrantes, basicament­e procedente­s da Europa, Japão e China.

Os antigos emigrantes e refugiados foram enquadrado­s nos programas e projectos sociais do Executivo, como, por exemplo, na agricultur­a familiar

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DR Boa parte dos angolanos espalhados pelo mundo manifestar­am o desejo de regressar à patria que os viu nascer

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