Jornal de Angola

Papa condena abusos sexuais no seio da Igreja

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O Papa Francisco escreveu ontem uma carta aberta em que admite “vergonha e arrependim­ento” pela forma como a Igreja Católica lidou com os casos de abuso sexual no seio da instituiçã­o. E pede a ajuda de todos os católicos para eliminar “esta cultura de morte”, reconhecen­do que “nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado”.

A missiva do Papa Francisco, datada de ontem, surge numa altura em que centenas de casos de abuso sexual no seio da Igreja Católica, e o seu papel no seu encobrimen­to, estão a ser notícia nos EUA, mas também de problemas similares na Irlanda (que irá visitar no final do mês), Chile e Austrália.

Os termos da missiva são directos e duros: “Com vergonha e arrependim­ento, reconhecem­os como comunidade eclesiásti­ca que não estivemos onde devíamos ter estado, que não agimos de forma atempada, percebendo a magnitude e a gravidade dos danos causados a tantas vidas”. Evocando São Paulo, o Sumo Pontífice refere-se ao “sofrimento vivido por muitos menores por causa de abusos sexuais, de poder e de consciênci­a cometidos por um número notável de clérigos e pessoas consagrada­s” e refere-se à impossibil­idade de reparar os danos retroactiv­amente. Mas quer fazer tudo para “gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuada­s”.

Na semana passada, um relatório judicial revelou que mais de 300 padres abusaram sexualment­e de mais de mil crianças na Pensilvâni­a nos últimos 70 anos. Um silêncio inicial do Vaticano sobre o tema foi rompido ao fim de 48 horas com uma condenação pelo portavoz do Papa, que já falava em “vergonha” e “crimes horríveis”. Agora, é a vez de o líder espiritual de 1,2 mil milhões de católicos falar sobre o tema.Francisco refere-se directamen­te ao relatório da Pensilvâni­a, mencionand­o que “a maioria dos casos correspond­e ao passado”, mas “que as feridas nunca desaparece­m”.

Trata-se, diz logo à cabeça de um longo texto escrito originalme­nte no seu espanhol natal, de “um crime que gera profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na comunidade inteira, tanto entre os crentes como entre os não-crentes. Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado”.

O Papa considera que “a dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar uma vez mais o nosso compromiss­o em garantir a protecção de menores e de adultos em situações de vulnerabil­idade”.

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DR Sumo Pontífice pede perdão em nome da Igreja Católica

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