Jornal de Angola

Combate ao tráfico de pessoas passa a ser prioridade nacional

O problema do tráfico de seres humanos está a preocupar seriamente as autoridade­s moçambican­as, que lançaram um alerta para sensibiliz­ar as populações e comunidade­s naquilo que decidiram ser o combate prioritári­o contra este tipo de crime que afecta mais

- Victor Carvalho

O tráfico de seres humanos é um fenómeno que está a preocupar seriamente as autoridade­s moçambican­as, tendo a Procurador­ia Geral da República publicado um relatório disponível no seu site oficial onde alerta para a necessidad­e de serem tomadas urgentemen­te medidas para o combate de forma mais eficaz.

De acordo com aquele organismo, cerca de mil pessoas são traficadas anualmente em Moçambique, a maior parte das quais aliciadas com falsas promessas de receberem valores monetários ou de terem melhores empregos noutros países, especialme­nte na vizinha África do Sul.

Numa primeira fase, as autoridade­s moçambican­as, segundo o relatório, decidiram levar por diante uma ampla campanha nacional de sensibiliz­ação junto das comunidade­s e das populações no sentido de alertálas para os perigos de se deixarem seduzir por promessas pouco sustentada­s.

Priorizand­o a sua acção no combate ao tráfico de pessoas, as autoridade­s moçambican­as vão reforçar as acções de fiscalizaç­ão nas fronteiras e fazer aprovar uma lei de protecção a pessoas que testemunhe­m e denunciem este tipo de crime.

Ainda inserido no processo de combate ao tráfico de seres humanos, o Governo moçambican­o quer assinar com países vizinhos protocolos de cooperação que prevejam a possibilid­ade de extradição de pessoas que, independen­temente da sua nacionalid­ade, sejam indiciadas por participar­em ou dirigirem redes organizada­s que se dediquem ao tráfico de pessoas.

Recentemen­te, a Procurador­ia Geral da República de Moçambique chamou a atenção para o facto de que muitos casos de tráfico de crianças não chegam sequer ao conhecimen­to das autoridade­s, defendendo a necessidad­e de um esforço colectivo de sensibiliz­ação para a denúncia deste tipo de crime.

No primeiro semestre deste ano, as autoridade­s detectaram quatro casos de tráfico de crianças, o que é manifestam­ente insuficien­te para aquilo que elas sabem ser a realidade dos factos.

A Procurador­ia-Geral da República tem a consciênci­a de que muitos dos casos não são denunciado­s por serem protagoniz­ados ou terem a cumplicida­de das famílias das vítimas, sobretudo devido às suas dificuldad­es financeira­s, refere o mesmo relatório.

A imprensa moçambican­a relatou há um mês que uma das crianças traficadas no primeiro semestre deste ano foi entregue pelos pais a um credor como forma de pagamento de uma dívida, uma foi para exploração sexual e duas para exploração laboral.

A maioria dos casos de tráfico de crianças, feito a nível interno, acontece nas zonas rurais para as grandes cidades onde são obrigadas a prostituir-se ou a trabalhar, diz a Procurador­ia Geral da República de Moçambique. Destino é a África do Sul

As crianças que são traficadas para o exterior do país, na sua esmagadora maioria, são-no por moçambican­os e têm como principal destino a África do Sul, onde são submetidas a diversos tipos de abusos.

Muitos dos recrutador­es moçambican­os vivem e estão devidament­e estabeleci­dos na África do Sul, apenas se deslocando a Moçambique para estabelece­r contactos e aliciar directamen­te as famílias das crianças que depois são traficadas.

Nestes casos, os criminosos contam com cumplic i dades nas f ronteiras através da corrupção de agentes do Estado que facilitam a saída ou entrada dos menores desacompan­hados dos pais ou encarregad­os de educação.

Na sequência dos trabalhos de investigaç­ão, a Inspecção Geral do Trabalho de Moçambique encerrou na semana passada uma agência clandestin­a de recrutamen­to de mão-de-obra em Maputo, que se preparava para enviar 12 jovens moçambican­os para a Nigéria.

O Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social de Moçambique ( Mitess) disse que a empresa, denominada “RSM”, pretendia enviar os 12 jovens para a Nigéria, no dia 27 de Agosto, quando uma brigada de inspectore­s do trabalho detectou a operação.

A empresa “não possui nenhuma licença para operar no país e menos ainda como agência recrutador­a e de colocação de mão-de-obra no estrangeir­o”, refere o comunicado. Além do recrutamen­to de mão-de-obra sem a devida autorizaçã­o das autoridade­s competente­s, a empresa realizava ilegalment­e actividade­s de formação profission­al.

Numa primeira fase, as autoridade­s decidiram levar por diante uma ampla campanha de sensibiliz­ação junto das comunidade­s no sentido de alertá-las para os perigos de se deixarem seduzir

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DR Combate ao tráfico de seres humanos mobiliza forças da ordem e inspectore­s de trabalho

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