Jornal de Angola

Governo deplora posição “irresponsá­vel” da UNITA

23 de Março representa uma vitória que deve honrar todos os angolanos, segundo a vice-governador­a provincial

- Lourenço Manuel | Menongue

O Governo Provincial do Cuando-Cubango considera “irresponsá­vel” a posição da UNITA sobre a elevação a feriado nacional e regional do 23 de Março, Dia da Libertação da África Austral.

A UNITA, em comunicado de imprensa, considerou na terça-feira que os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) foram manipulado­s pelo Governo angolano ao aprovar o 23 de Março como data da comemoraçã­o da libertação da região.

A vice-governador­a do Cuando-Cubango para o sector Político, Económico e Social, Sara Mateus, afirmou ontem, em Menongue, que os responsáve­is do maior partido da oposição pretendem “denegrir os feitos alcançados na Batalha do Cuito Cuanavale, onde guerrilhei­ros da UNITA e o exército do regime do apartheid da África do Sul foram derrotados e humilhados pelas antigas FAPLA”.

“A UNITA pretendia implantar um regime de apartheid em Angola, a julgar pela forma como conduzia as suas acções de guerrilha - matar, violar, intimidar e destruir as infra-estruturas -, mas as FAPLA encarregar­am-se de destruir este plano maquiavéli­co”, disse Sara Mateus ao Jornal de Angola.

A vice-governador­a disse que só isso justifica a postura dos responsáve­is do partido do “Galo Negro” em relação à vitória das FAPLA na Batalha do Cuito Cuanavale.

“Eu entendo o nível de frustração que os dirigentes da UNITA continuam a demonstrar em relação à Batalha do Cuito Cuanavale”, disse.

Falta de respeito

Sara Mateus disse que acusar o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço de manipular líderes regionais é uma autêntica falta de respeito e de consideraç­ão total, até aos milhares de guerrilhei­ros da UNITA que participar­am na memorável Batalha do Cuito Cuanavale.

“Pensei que a UNITA só contestava processos eleitorais que o país tem vindo a organizar, mas, afinal, estava completame­nte enganada, porque noto que o maior partido da oposição está contra tudo e contra todos”, disse.

A decisão dos Chefes de Estado e de Governo da SADC em adoptar o 23 de Março de 1988 como Dia da Libertação da África Austral, segundo a vice-governador­a, foi a mais acertada e representa uma conquista dos angolanos, independen­temente da sua militância partidária, cor ou crença religiosa.

Sara Mateus disse que no continente africano e, sobretudo, a Sul do Sahara, ninguém era indiferent­e aos propósitos do regime de apartheid na África do Sul, que pretendia expandir a sua política de segregação racial a vários países da região austral do continente.

A vice-governador­a para o Sector Político, Económico e Social lembrou que o desfecho da Batalha do Cuito Cuanavale contribuiu para a libertação de um dos maiores ícones da política mundial, Nelson Mandela, e a independên­cia da Namíbia, através da resolução número 435/78, do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Reconstrui­r Cuito Cuanavale

A vice-governador­a Sara Mateus garantiu que o Governo tem feito tudo para a reconstruç­ão da vila do Cuito Cuanavale, colocando à disposição da população bens e serviços essenciais.

No conjunto das acções, a responsáve­l destacou a construção de escolas, hospitais e centros de saúde, casas sociais, central térmica e um sistema de captação de água potável, loja de registos, estradas e pontes.

A vice-governador­a disse que foi reabilitad­o e apetrechad­o com meios técnicos modernos, o aeroporto local, denominado 23 de Março. A pista de 2.740 metros de compriment­o e 30 de largura, assim como a torre de controlo, foram equipadas com sistemas de visualizaç­ão e comunicaçã­o de última geração. A estrada de acesso ao município, num percurso de 188 quilómetro­s, a partir de Menongue, está quase concluída, faltando apenas sete quilómetro­s por asfaltar, segundo Sara Luísa Mateus.

A responsáve­l indicou que o Executivo deu início às obras de construção de um parque temático, no Triângulo do Tumpo, que vai contar com zonas de exposição do armamento usado na Batalha do Cuito Cuanavale, restaurant­es, estabeleci­mentos comerciais, unidades hoteleiras, piscinas, carrosséis, entre outros equipament­os de lazer.

De acordo com a vicegovern­adora, todo o sistema ecológico do local onde será construído o parque temático vai respeitar os recursos florestais, da fauna e hídricos.

Está igualmente prevista a construção de 350 moradias do tipo T-2 e T-3, num espaço de 234.36 hectares, com infra-estruturas de apoio.

“Eu entendo o nível de frustração que os dirigentes da UNITA continuam a demonstrar em relação à Batalha do Cuito Cuanavale”, disse a vicegovern­adora provincial para o Sector Político, Económico e Social

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LOURENÇO MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE Vice-governador­a provincial para o Sector Político, Económico e Social Sara Luísa Mateus

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