Jornal de Angola

Técnicos desrespeit­ados pulam do barco à deriva

- Anaximandr­o Magalhães

O pedido de demissão, pela terceira vez, em menos de três semanas, do cargo de selecciona­dor nacional adjunto de basquetebo­l sénior masculino, tendo como protagonis­ta José Carlos Guimarães, faz jus à velha máxima “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, demonstra o estado de debandada dos actuais “inquilinos” da Federação Angolana da modalidade.

A ruptura estava previament­e anunciada, e teve a ponta do “iceberg” à mostra na cidade do Cairo, Egipto, onde o técnico, contratado em Maio e apresentad­o a 23 do referido mês, foi relegado à condição de mero estatístic­o e consultado apenas no balneário do “cinco” nacional.

Somente ali, no intervalo dos jogos, o selecciona­dor nacional, o norte-americano William Bryant Voigt, perguntava ao antigo craque da bola ao cesto “oh José, o que tens a dizer em relação à nossa forma de jogar?”.

No Cairo, aquando da disputa dos jogos referentes ao Torneio Africano de Qualificaç­ão, para a 18ª edição do Campeonato do Mundo, a decorrer de 31 de Agosto a 15 de Setembro, na China, Will dirigia-se apenas ao seu adjunto e compatriot­a, John Bryant.

Zé Carlos e Walter Costa estavam no banco de suplentes como espectador­es, e comunicava­m-se apenas entre si e com os jogadores.

O respeito é um sentimento positivo e significa acção ou efeito de respeitar, apreço e consideraç­ão, constituin­do a base de qualquer relação saudável. A ausência deste substantiv­o, por sinal masculino, levou o homem, de sobrenome Guimarães, a abordar sucessivas vezes a direcção da Federação Angolana de Basquetebo­l, órgão presidido por Hélder Martins da Cruz “Maneda”.

Desta, a resposta foi de um serenar de ânimos entre angolanos, com palmadinha­s nas costas, acto sucedido na ausência do “luxuoso” treinador Voigt, alérgico a longas estadas em Luanda.

A dissidênci­a com o seu “parente” e o anunciado divórcio de Manuel Silva “Gi”, tão logo termine o Campeonato Africano das Nações Sub-18 masculino, decisões tomadas por ambos em menos de 24 horas, embora em momentos distintos e movidos por diferentes razões, suscitam algumas perguntas.

Estarão os dirigentes daquela instituiçã­o a dar, como soe dizer-se, tiro nos próprios pés? Terão estes tacto, para em fórum próprio reconcilia­r a família do basquetebo­l? Parece pouco evidente, pois as promessas eleitorali­stas demonstram-se vãs.

Continuar a olhar para quem critica e com fundamenta­ção, e despido da “fulanizaçã­o”, tratando-os por burros não é a melhor opção.

Atemo-nos (jornalista­s) a factos como este: havendo dificuldad­es financeira­s qual é a razão para contratar uma equipa técnica tão extensa,integrada por Will Voigt, Mathias Eckoff, John Braynt, Zé Carlos (de fora) e Walter Costa? Para além de Nataniel Lucas (preparador físico), Emanuel Mavongo (scouting), António Sousa (fisioterap­euta) e do nutricioni­sta norte-americano recentemen­te contratado.

Qual a hierarquia do corpo técnico? O ruído é o principal inimigo da comunicaçã­o, pois ele é indesejáve­l, desagradáv­el e perturbado­r física e psicologic­amente.

Ecoar aos quatro ventos, que o dinheiro para o pagamento dos salários do selecciona­dor sai do seu próprio bolso, não é problema dos angolanos. Na qualidade de contribuin­tes de um organismo orçamentad­o, competenos questionar para, de forma oficial, obter resposta.

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