Jornal de Angola

Angola e China discutem protecção de investimen­tos

João Lourenço foi formalment­e convidado pelo homólogo chinês Xi Jinping para o encontro de Pequim

- Santos Vilola

Os Governos de Angola e da China estão a negociar a assinatura de acordos para acabar com a dupla tributação e a protecção recíproca dos investimen­tos, considerad­os essenciais pelos empresário­s dos dois países, que reclamam ainda um acordo de conversão monetária (kwanza e yuan), anunciou ontem, em Luanda, o embaixador do gigante asiático, Cui Aimin.

O Chefe de Estado, João Lourenço, vai ser distinguid­o, em Pequim (China), com símbolos chineses (um cinturão e uma roda) pelo seu envolvimen­to na promoção do desenvolvi­mento comum com base na igualdade e benefício mútuo entre os dois países.

A distinção, que acontece durante a Cimeira do Fórum China-África (Fofac) marcado para os dias 3 e 4 de Setembro, em Pequim, é igualmente pelo reforço da cooperação sino-angolana, de acordo com o embaixador daquele país acreditado em Angola, Cui Aimin.

O diplomata, que falava na conferênci­a de imprensa para apresentar os desafios da Cimeira do Fofac, confirmou que o Presidente da República foi formalment­e convidado pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, para o encontro de Pequim.

“A parte chinesa atribui elevada importânci­a à participaç­ão de Angola no Fofac. Através desta participaç­ão, Angola vai conhecer melhor as novas políticas, conceitos e medidas que a China tem para a cooperação com África”, disse.

De acordo com o diplomata, Angola pode aproveitar esta cimeira para procurar parceiros que podem ajudar nos esforços de desenvolvi­mento económico e social integral.

O diplomata confirmou que Angola e a China estão a negociar alguns acordos financeiro­s, mas não garante que sejam concluídos ainda durante a visita de João Lourenço a Pequim, à margem do fórum comercial China-África. Segundo Cui Aimin, tudo depende das negociaçõe­s bilaterais.

“Este assunto depende de vários factores e precisa da vontade da parte angolana e da capacidade da China em conceder créditos. Vamos levar em consideraç­ão as políticas do Governo angolano e também quais os projectos que Angola quer fazer”, acrescento­u o diplomata.

Um financiame­nto chinês de projectos em Angola, segundo o diplomata, teria de levar em conta a situação e a capacidade económica daquele país asiático. “Posso dizer que a cooperação em matéria de financiame­nto vai continuar”, disse. O diplomata defendeu ser necessário fazer um ajustament­o na cooperação financeira entre os dois países em relação à quantidade de financiame­ntos a serem feitos.

O embaixador chinês indicou que os dois países negoceiam há muito tempo acordos nos domínios da protecção de investimen­tos, contra a dupla tributação e sobre a conversão monetária. “Ainda não chegamos a acordo sobre estes instrument­os jurídicos de cooperação. Acho que a assinatura destes acordos vai propiciar um bom ambiente nas relações entre os dois países, atraindo investidor­es chineses a Angola”, disse.

De acordo com o diplomata, a cooperação entre a China e Angola está agora numa fase de qualidade e de transforma­ção dos investimen­tos. “Vamos aperfeiçoa­r a nossa estrutura de investimen­to e de financiame­nto”, disse, garantindo que a parte chinesa vai continuar a investir e a financiar infra-estruturas em Angola.

Cui Aimin lamentou que o ritmo acelerado da cooperação não se reflicta na cooperação cultural. O diplomata anunciou, por isso, que o Governo chinês vai aumentar as vagas para a formação de quadros angolanos na China e a atribuição de bolsas de estudo.

As relações diplomátic­as entre Angola e a China foram estabeleci­das em 1983. Aquele país asiático tem muitas empresas a participar em Angola nos esforços de reconstruç­ão nacional. Os chineses construíra­m mais de 2.800 quilómetro­s de linha férrea, 20 mil quilómetro­s de estrada, mais de 100 escolas, 50 hospitais e 100 mil casas.

A última Cimeira do Fofac aconteceu em 2015, em Joanesburg­o (África do Sul). A Cimeira de Setembro deve adoptar a Declaração de Pequim e o Plano de Acção como documentos orientador­es.

A parte chinesa atribui elevada importânci­a à participaç­ão de Angola no Fofac

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M.MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO Embaixador Cui Aimin (ao centro)confirma negociaçõe­s sobre financiame­nto a Angola

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