Casa 70 apresenta concertos com Patrícia Faria
Efervescência musical com cantores nacionais marca a abertura, em Luanda, do projecto musical concebido pelo produtor Figueira Ginga, juntando cinco duplas até ao mês de Dezembro
O empreendedor artístico e cultural Figueira Ginga realiza, no sábado, o primeiro concerto num universo de cinco baptizados por "Duetos N’Avenida", na Casa 70, que leva ao palco Patrícia Faria e Puto Português.
Produzidos pela Zona Jovem, depois do primeiro “show” seguem-se Eduardo Paim e Maya Cool, no dia 22 de Setembro, Gabriel Tchiema e Euclides da Lomba, no dia 26 de Outubro, Bruna Tatiana e Edmazia Mayembe, dia 24 de Novembro, e Yuri da Cunha e Paulo Flores, dia 8 de Dezembro.
Figueira Ginga conta ao “Jornal de Angola” como foi a arte de juntar tantos talentos, uma ousadia e originalidade para promover dez cantores, em cinco duplas.
Primar pela qualidade musical, a opção pela vertente acústica e o estilo musical, constituem os primeiros requisitos do projecto. “Olhamos, também, para aquilo que pode ser o entrosamento em palco e o desafio de interpretar músicas que não são de autoria desses cantores”, revelou o produtor.
O formato de duetos devese ao facto de achar que representa um desafio para os artistas se juntarem para fazer um “show” de raiz, acústico e diferente. Com isto, advogou que permite “plantar mais uma semente” na união entre os artistas (cantores e instrumentistas) angolanos, com intuito de “valorizarmos cada vez mais a música nacional”.
Sobre a compatibilidade entre as duplas, por outras palavras, a “química” existente, Figueira Ginga revelou que tem dado orgulho e satisfação falar sobre elas, porque consegue-se “casamentos” quase perfeitos.
“Antes de termos os duetos improváveis, vamos ter os duetos da cumplicidade. É assim que, além desta homenagem ao semba com Patrícia Faria e Puto Português para abrir o projecto, vamos juntar Eduardo Paim e Maya Cool, numa homenagem singela ao criador da kizomba e ao eterno seguidor, num show que, temos certeza, tem a cumplicidade no género musical. Já Gabriel Tchiema traz a modernidade da música tradicional angolana e Euclides da Lomba, o puro casamento entre a composição, melodia, voz e kizomba.”
Para encerrar, a aposta na jovialidade de Bruna Tatiana e Edmazia traduzse num "show no feminino", em que a produtora pretende trazer a irreverência vocal adaptada aos tempos modernos, em que o “zouk love” vai falar mais alto. “Por fim, fechámos tal como começámos, celebrando o semba com os exímios Yuri da Cunha e Paulo Flores, que representam a nossa preservação cultural na sua essência.”
Acerca das dificuldades para formatar o projecto, Figueira Ginga disse que uma delas é a intenção dos “duetos improváveis, que acabaram na cumplicidade perfeita”. Reconheceu ter sido fácil olhar para os artistas, a qualidade, ver os que se encaixam na perspectiva da produtora. “A dificuldade foi a agenda, a disponibilidade dos cantores. E, acima de tudo, fazer o empresariado nacional apostar num projecto de elevação da música e cultura angolana. Está difícil garantir os apoios, mas temos a certeza que é uma questão de tempo e persistência.”
Enquanto promotor cultural, Figueira Ginga ainda não se considera “um empresário”, mas, sim, um empreendedor que prima por apresentar conceitos diferentes sobre arte e cultura.
Na óptica de Figueira Ginga, a música angolana é hoje fruto de toda a envolvência e vicissitudes da vida do país e, se por um lado há ganhos substanciais na qualidade da produção, novas tendências e métodos, “perdeu-se alguma essência naquilo que seria partir do que é nosso para fazer melhor. Mas, tenho a certeza de que vamos encontrar o caminho certo, de políticas culturais que sirvam o interesse da classe e do país.”