Jornal de Angola

Especialis­tas divergem sobre indústrias no país

- Graciete Mayer

O economista José Oliveira mostrou-se pouco optimista quanto a possíveis investimen­tos, de curto e médio prazo, de empresário­s alemães na instalação e montagem em Angola de indústrias de exploração de ferro e de produção de aço, conforme o desejo do Executivo, anunciado quarta-feira, em Berlim, pelo Presidente da República.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, José Oliveira disse que, tendo em conta as especifici­dades deste sector, é pouco provável que os empresário­s alemães definam estas áreas como prioritári­as para o investimen­to.

Na sua visão, a melhor opção do Executivo seria alargar o leque de importação de equipament­os industriai­s, aproveitan­do as tecnologia­s de ponta que estes equipament­os oferecem e reforçar a cooperação no domínio da formação e fiscalizaç­ão.

“Agradou-me o facto de o Executivo decidir contratar empresas alemãs para o fornecimen­to de equipament­os electromec­ânicos para a barragem de Cambambe (Cuanza-Norte) e a fiscalizaç­ão da barragem de Laúca (Cuanza-Norte). Foi a decisão mais acertada e inteligent­e do Executivo de João Lourenço”, afirmou.

O economista Rui Malaquias discorda da posição de José Oliveira e acredita que, a curto prazo, pode ser exequível os empresário­s manifestar­em interesse em investir na instalação e montagem de indústrias em Angola, para atender a exploração do ferro e para a produção de aço.

Para Rui Malaquias, o Presidente João Lourenço foi bastante assertivo sobre as áreas em que pretende a cooperação alemã, que visa a edificação de infra-estruturas básicas, com vista a potenciar o cresciment­o económico, gerando empregos sustentáve­is. Quanto à contrataçã­o de infra-estruturas, como de apoio à construção e fiscalizaç­ão da Barragem de Laúca, Rui Malaquias afirmou que “seria necessário não cometer os erros do passado (com a má qualidade da despesa pública) e garantir que as obras sejam feitas para durar e impulsiona­r o nosso desenvolvi­mento económico”.

Enorme potencial

O Presidente da República disse, em Berlim, no encontro mantido com empresário­s locais, que existe um enorme potencial a ser desenvolvi­do em todos os domínios, tanto no plano da cooperação económica e do desenvolvi­mento, como da tecnologia, finanças, saúde, formação profission­al e técnica, ciência e investigaç­ão, da energia e águas e muitos outros.

“É evidente que existem novas e inúmeras oportunida­des de cooperação bilateral por explorar e desenvolve­r, justifican­do-se já a criação, entre nós, de uma Câmara de Comércio, para apoio aos empresário­s que pretendam investir no mercado angolano e para o fomento de pequenas empresas mistas”, realçou João Lourenço.

O Presidente da República notou que Angola está interessad­a, no domínio da agricultur­a e pecuária, em desenvolve­r a cooperação bilateral na formação de quadros, na produção e mecanizaçã­o agrícola, na exploração florestal e na investigaç­ão agropecuár­ia.

No domínio dos transporte­s, além da implementa­ção do que já foi acordado ao nível dos transporte­s aéreos entre os dois países, há também interesse em negociar um acordo no domínio marítimo.

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