A qualidade do ensino e os quadros angolanos
Queremos todos que o nosso sistema de ensino melhore, para que tenhamos bons quadros no país em vários domínios. É importante que, depois de se terem feito diagnósticos sobre a situação do nosso ensino, se comece a levar a cabo acções concretas orientadas para corrigir, com urgência, o que está mal, de forma transversal. É preciso proceder a correcções em todos os níveis de ensino.
Não devemos perder mais tempo a lamentar o que está mal no nosso ensino. Temos de partir para alterar muita coisa que não ajuda na boa formação dos quadros angolanos. O ensino superior em Angola não se pode limitar a produzir milhares de diplomas todos os anos, sem que isso corresponda a competências que possam levar os nossos quadros a resolver os problemas da sociedade.
Se os problemas do nosso ensino superior já estão identificados, importa agora que as autoridades competentes avancem para a tomada de medidas, para atacar as verdadeiras causas da má qualidade do sector da Educação.
Se combatermos, com determinação, as causas que levaram à má qualidade do nosso ensino, teremos no futuro quadros à altura de resolver os nossos problemas, sem termos necessidade de recorrer, por tudo e por nada, a quadros estrangeiros. É doloroso constatar que para emitir um simples comunicado, angolanos endinheirados recorrem a quadros estrangeiros, quando até temos compatriotas nossos que escrevem muito bem.
Parece que ninguém confia nos quadros angolanos. Nem todos os quadros angolanos são maus. Temos angolanos que dão aulas em prestigiadas universidades estrangeiras, o que nos orgulha e deve incentivar-nos a acreditar na capacidade técnica e profissional de muitos angolanos.
De uma maneira geral o ensino superior em Angola não anda bem. Por que razão, por exemplo, os angolanos vão para a Namíbia, África do Sul ou Portugal para tratamento médico? Por que razão os angolanos têm medo dos nossos hospitais, incluindo os que detêm cargos públicos, com a responsabilidade de velar pelar eficiência do nosso sistema de saúde?
Alguém deve reflectir sobre esta situação e procurar saber por que razão muitos angolanos fogem do nosso sistema de saúde, para irem ao estrangeiro gastar dinheiro com tratamento médico.
O processo de reestruturação do nosso ensino, para lhe dar qualidade, não pode se compadecer com aceitação de situações que só geram má prestação de serviços por parte de quadros que não tiveram a oportunidade de serem bem formados. Já imaginaram um médico, que tem de salvar vidas humanas, mal formado?