África do Sul transformada em ampla “zona de guerra”
Os dados sobre a criminalidade na África do Sul, divulgados esta semana pelo ministro da Polícia, deixam perceber que o país, tal como ele próprio diz, está transformado numa ampla “zona de guerra”, onde uma média de 57 pessoas são diariamente assassinada
As taxas de criminalidade na África do Sul são absolutamente preocupantes, revelando uma subida de 6,9 por cento no último ano, o que equivale a uma média de 57 homicídios por dia. Quem o disse, esta semana, foi o próprio ministro da Polícia, Bheki Cele, que comparou o seu país a uma ampla “zona de guerra”.
Segundo as estatísticas que ele divulgou durante um encontro no Parlamento com deputados, um total de 20.336 pessoas morreram nos últimos 12 meses até Março, o que significa um aumento de 6,19 por cento em relação ao ano passado. Entre Abril de 2016 e Março de 2017, ocorreram 19.016 assassinatos que correspondem a 52 mortes por dia.
“Cinquenta e sete por dia é o número diário de sulafricanos que foram mortos”, disse o ministro Bheki Cele aos deputados, referindo que “isso faz com que a África do Sul pareça uma zona de guerra”.
Perante isto, o presidente da comissão parlamentar encarregue da Polícia, François Beukman, também reagiu considerando estes dados “perturbadores e totalmente inaceitáveis”.
Por sua vez, Norman Sekhukhune, chefe de Polícia encarregado de estudos e estatísticas, no mesmo encontro que teve ampla divulgação na imprensa sulafricana, sublinhou que o número de homicídios “aumentou substancialmente nos últimos seis anos”.
De acordo com os dados da Polícia divulgados pelo Governo, os crimes que mais aumentaram, são os de agressão sexual, que subiram 8,2 por cento neste período, para 6.786 casos, representando quase 19 agressões sexuais por dia. As violações também aumentaram em 0,5 por cento, para 40.035 casos.
Por outro lado, os casos que envolvem roubos comuns baixaram 5 por cento, para 50.730, e os assaltos agravados também desceram 1,8, para 138.364.
Khehla Sitole, Comissário Nacional da Polícia, considerou perante os deputados que são necessários 62 mil efectivos adicionais para garantir a segurança no país.
Mortes em propriedades
Ainda de acordo com as estatísticas apresentadas no Parlamento sul-africano, a província de Gauteng, que envolve a cidade de Joanesburgo, foi a que registou o maior número de assassinatos em propriedades agrícolas durante o último ano, seguindo-se as províncias do Noroeste e Limpopo, no norte do país.
“Ocorreram 62 assassinatos em fazendas agrícolas, sendo Gauteng a província com maior número,12, seguida do Noroeste e Limpopo com nove crimes cada”, disse o chefe de Polícia responsável pela pesquisa criminal e estatísticas.
Segundo este responsável, em Mpumalanga e no Estado Livre ocorreram oito homicídios em cada uma delas no último ano, enquanto no Kwazulu-Natal se registaram sete.
Para Norman Sekhukhune, os actos de violência em fazendas foram directamente dirigidos contra os residentes, trabalhadores ou pessoas de visita às propriedades com a “clara e inequívoca intenção de assassinar, violar, roubar ou infligir danos corporais”.
Norman Sekhukhune sublinhou ainda que a violência relacionada com o transporte de passageiros em meios de propriedade privada contribuiu com mais de 200 homicídios para a taxa nacional.
De acordo com Sekhukhune, o Cabo do Norte foi a única província da África do Sul que não registou ocorrências de crimes de homicídio relacionado com este tipo de transporte.
Entretanto, o partido no poder já reagiu a estes números garantindo que o seu Governo vai estabelecer como prioridade o combate à criminalidade em todo o país, prometendo dar à Polícia todos os meios necessários para que possa desempenhar de modo mais efectivo o seu trabalho.