Consórcio de bancos brasileiros desembolsa fundos para Angola
Embaixador do Brasil anunciou que financiamentos totais de dois mil milhões de dólares são desbloqueados antes do fim do ano e que dez empresas foram seleccionadas para absorver os fundos
Um consórcio de bancos privados brasileiros desembolsa, dentro de três meses, a primeira tranche da linha de crédito de dois mil milhões de dólares instituída por aquele país a favor de Angola, anunciou ontem, em Luanda, o embaixador do Brasil.
Os desembolsos podem ter como veículos dez empresas brasileiras que manifestaram interesse em investir em nos sectores do agro-negócio, infra-estruturas, saúde de prestação serviços, revelou Paulo Neto ao Jornal de Angola, à margem do 13º Fórum Económico Angola-Brasil, realizado ontem.
O financiamento, lembrou, resulta do protocolo de entendimento sobre crédito e garantias às exportações assinado em Fevereiro, em Luanda, pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes.
No acordo, o Brasil compromete-se a conceder a Angola bens e serviços no valor de dois mil milhões de dólares, com cobertura do seguro de crédito do Fundo de Garantia à Exportação e outros instrumentos de facilitação do sector.
O diplomata realçou que este financiamento difere daquele que provinha do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), sendo agora provido por bancos privados brasileiros que se disponibilizaram a financiar a economia angolana através das empresas daquele país.
Paulo Neto notou que o seu país estabeleceu um acordo de cooperação com Angola no sentido de se criar um grupo de trabalho, no qual as partes desenvolverão mecanismos de facilitação e troca de investimentos entre os dois países.
A ideia, acrescentou, é motivar o empresariado brasileiro, através desta linha de crédito, a instalar unidades fabris a médio e longo prazo, principalmente nos sectores do agro-negócio como uma forma de contornar o problema de divisas.
“Cabe ao Governo brasileiro dar a garantia de seguro de crédito com taxas de juros mais competitivas do mercado internacional”, declarou, acrescentando que o seu país precisa, a médio e longo prazo, de diversificar a pauta de exportações com a participação de bens da indústria transformadora.
O diplomata esclareceu também que a assinatura deste memorando de entendimento marca a retoma da relação comercial entre os dois países, que também traz vantagens para o sector empresarial privado angolano.
As trocas comerciais entre os dois países atingiram, em 2017, quase mil milhões de dólares, contra os mais 600 milhões de dólares em 2016. O Brasil exportou essencialmente açúcar (com 28 por cento), carne de frango (14), farinhas e cereais (7,9).
De acordo com o diplomata, prevê-se para este ano um aumento significativo dos negócios à luz do ambiente económico que se vive em Angola. O Brasil ocupou, nos últimos seis meses, a quarta posição de maior exportador de Angola com vendas estimadas em 225 milhões de dólares.