CARTAS DOS LEITORES
Venda ambulante
Já muito se escreveu sobre a venda ambulante no casco urbano e várias medidas ou sugestões de medidas igualmente já apontadas. A minha carta não vai ser, seguramente, a primeira, muito menos a última a lidar com a venda ambulante, um elemento importante na economia familiar angolana. Em minha opinião, esta modalidade de comércio precário precisa apenas de ser devidamente regulada. Contrariamente aos choques, envolvendo agentes da Polícia e vendedores, julgo que é importante que os governos provinciais e administrações municipais consigam encontrar as melhores respostas para esse tipo de comércio, sobretudo nas zonas urbanas. Em muitos casos, não fica bem o que se passa hoje com a venda ambulante na medida em que muitos dos seus operadores tendem a levar para a rua inclusive produtos que aparentemente nunca deviam ficar expostos na via pública.
Herói Nacional
Escrevo para o Jornal de Angola para enaltecer a forma como foram preparadas as cerimónias de homenagem ao primeiro Presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto. Nunca, em toda a minha vida, dos meus 55 anos de idade, vi imponência, organização à altura da dimensão do tributo como fizeram desta vez. Assim, começo a ter razões para pensar que no seu centenário, que se celebra daqui a quatro anos, vai ser ainda melhor. Aliás, o Presidente da República, João Lourenço, já lançou o mote para que nos preparemos bem para esta importante celebração. Lembro-me que os sul-africanos, por exemplo, organizaram os centenários de Oliver "OR" Tambo, no ano passado, e neste ano, de Nelson Mandela. Foi realmente algo da dimensão daquelas duas figuras memoráveis do movimento nacionalista mais antigo de África, o African National Congress (ANC). Como angolano, espero que saibamos também realizar daqui a quatro anos cerimónias de centenário do primeiro Presidente da República com pompa e circunstância. Em minha opinião, acho que está na hora de se construir um amplo centro em sua memória na localidade de Kaxicane. Sei que é complicado erguer na zona natal do médico e poeta que dirigiu Angola entre 1975 a 1979, atendendo que a mesma localidade é regularmente fustigada pelas cheias do rio Kwanza. Mas naqueles arredores não custava nada erguer-se qualquer coisa semelhante a um mausoléu, um memorial, uma miniatura do que existe aqui na Praia do Bispo ou algo parecido para melhor honrarmos a figura de Neto. Na verdade, algumas obras de reabilitação daquela localidade não ficavam nada mal para que as gentes de Kaxicane se sentissem dignificadas pelo facto de fazerem parte de uma região em que nasceu o primeiro Presidente do país. Ainda vamos a tempo de promover a construção de casas sociais e alguns equipamentos para servir as comunidades.
Medicamentos na rua
Escrevo para o Jornal de Angola com alguma regularidade e gostaria começar por agradecer o tratamento e tempo que dispensam às minhas cartas. As razões da minha modesta escrita hoje radicam nas reflexões que tenho estado a fazer relativamente aos medicamentos que dão entrada no nosso país, muitas vezes sem a devida inspecção ou certificação quanto à qualidade, origem e eficácia. Sou de opinião que devíamos criar uma agência para desempenhar o papel que me referi antes, nomeadamente o assegurar a certificação e a consequente autorização para a circulação nas farmácias e hospitais.