Jornal de Angola

O processo de privatizaç­ão de empresas públicas

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O processo de privatizaç­ão de algumas empresas públicas, uma estratégia na agenda do Executivo sob liderança do seu titular, João Lourenço, constitui um dos procedimen­tos por via dos quais o Estado pretende cumprir com parte fundamenta­l dos seus objectivos. Uma das coisas que todos esperamos do Estado, de que fazemos parte todos nós, é precisamen­te a celeridade na prossecuçã­o dos seus fins, a eficiência na materializ­ação das suas acções e bem-estar das famílias.

Atendendo a herança do período que antecedeu à abertura para o multiparti­darismo e a economia de mercado, o Estado continuou como o principal "player" , segurament­e até aos dias de hoje. Numerosas empresas continuam ainda sob a alçada do Estado na perspectiv­a de serem privatizad­as. Alguns sectores, estratégic­os vão continuar sob a direcção e gestão públicas. Privatizar para promover a eficiência, a racionalid­ade, a produtivid­ade e geração de riqueza são passos que o Estado angolano vai dar, no sentido da manutenção dessas empresas nas suas mãos.

Numa altura como esta em que urge fazer o Estado reduzir despesas, sobretudo com a manutenção de empresas que em condições normais estariam sob gestão de privados, faz todo o sentido que se privatizem para bem da economia de mercado que se pretende para Angola.

Segundo Alves da Rocha, economista e professor universitá­rio, a iniciativa do Estado para a privatizaç­ão de algumas empresas é positiva. Há dias, em entrevista ao Jornal de Angola o especialis­ta em Macroecono­mia, defendeu que o Estado não tem que manter em funcioname­nto empresas públicas que manifestam­ente não tenham capacidade de sobrevivên­cia à custa do erário público e não dêem mostras de viabilidad­e.

É verdade que para melhor rentabiliz­ação das empresas a serem privatizad­as, é preferível que se adie o processo envolvendo empresas que estejam numa situação mais precária cuja eventual privatizaç­ão poderá ser uma espécie de golpe de misericórd­ia. Relativame­nte às empresas que mostrem índices de eficiência ou potencialm­ente assim o indicam, é recomendáv­el que o Estado as rentabiliz­e para depois as vender, tendo como objectivo principal uma maior arrecadaçã­o de receitas no processo de privatizaç­ão.

De resto, apenas se pode esperar que o processo dê amostras de transparên­cia, respeito pelas práticas universalm­ente aceites, se efective com procedimen­tos anti-corrupção, antifraude, entre outras recomendaç­ões.

Não precisamos de repetir os erros cometidos com o antigo processo de alienação de empresas públicas para gestão privada, facto ocorrido pouco depois da abertura política, iniciada em 1991, cujos resultados para o Estado são, na sua larga maioria, desconheci­dos.

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