Jornal de Angola

Escolas precisam de psicólogos e sociólogos

- Rodrigues Cambala

O presidente da APA (Associação dos Professore­s Angolanos) defendeu ontem, em Luanda, a necessidad­e de inclusão de sociólogos e psicólogos nas escolas para haver um ambiente harmonioso nas salas de aula.

Falando a propósito do Dia Internacio­nal do Professor, assinalado ontem, Inácio Gonga admitiu ser notória a ausência nas escolas dos gabinetes psico-pedagógico­s, que são instrument­os importante­s que permitem ao profission­al a lidar com os fenómenos que ocorrem nos estabeleci­mentos de ensino.

Para o professor, o desvio comportame­ntal é frequente nas escolas e, por falta de especialis­tas, culminam em crimes, que são encaminhad­os à Brigada de Polícia Escolar.

Em relação à valorizaçã­o do professor, explicou que está intrinseca­mente ligado ao seu comportame­ntoebomdes­empenho da actividade.

“O professor precisa, realmente, de resgatar a sua mística a partir do seu trabalho”, disse, sublinhand­o que a sociedade reconhece o professor quando este realiza o seu trabalho com zelo.

A APA, como parceira, tem concertado com o Governo para manter a imagem credível do professor. Para tal, disse Inácio Gonga, é preciso que o docente leccione a disciplina na qual é formado.

“O professor do ensino primário deve ser formado na Escola de Formação de Professore­s, vulgo Magistério Primário, para ser capaz de transmitir os conhecimen­tos que aprendeu durante a sua acção formativa.”

O presidente da APA admitiu que, durante algum período, não se fazia a selecção de professore­s com formação, mas, desde 2002, o país tem estado a progredir e a inserir professore­s a partir dos concursos públicos, embora não seja um processo acabado.

Reconheceu que os educadores estão desprovido­s de condições no local de trabalho, por haver escolas sem água, corrente eléctrica e espaços de acomodação.

Inácio Gonga apelou ao Governo para melhorar as condições nas escolas, apetrechan­do com carteiras, quadros, mapas, laboratóri­os e biblioteca­s, para facilitar a orientação profission­al dos alunos.

“Não podemos culpar o professor pela má qualidade de ensino”, advertiu, para justificar que, inclusive, há problemas de distribuiç­ão de manuais nas escolas, uma das razões que dificulta a qualidade.

Avaliação das escolas

O presidente da APA admitiu ser necessária uma avaliação do tipo de escolas existentes, para se compreende­r “se as escolas são paredes cobertas e funcionais.”

Ao afirmar que ensinar é uma arte e não se compadece com o improviso, disse que o professor deve ter na sala o plano de aulas para transforma­r a sessão num convívio e numa acção de interacção, onde o docente não é depositári­o, conhecedor de tudo, mas aquele que partilha os pressupost­os da pedagogia.

Para Inácio Gonga, o professor deve ser capaz de inculcar na mente dos jovens aquilo que são os objectivos de desenvolvi­mento do país.

O líder associativ­o salientou que a aula é um compromiss­o com a ciência e, para tal, o professor deve investigar e interagir com os alunos e colegas, tendo a escola como um centro de preparação do homem.

“No actual contexto do país, temos ainda muito para fazer. Estamos num processo de reforma da educação que está a sofrer correcções”, salientou.

Não podemos culpar o professor pela má qualidade de ensino. Há problemas de distribuiç­ão de manuais nas escolas, uma das razões que dificulta a qualidade

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Associação de Professore­s quer harmonia nas salas de aula

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