Escolas precisam de psicólogos e sociólogos
O presidente da APA (Associação dos Professores Angolanos) defendeu ontem, em Luanda, a necessidade de inclusão de sociólogos e psicólogos nas escolas para haver um ambiente harmonioso nas salas de aula.
Falando a propósito do Dia Internacional do Professor, assinalado ontem, Inácio Gonga admitiu ser notória a ausência nas escolas dos gabinetes psico-pedagógicos, que são instrumentos importantes que permitem ao profissional a lidar com os fenómenos que ocorrem nos estabelecimentos de ensino.
Para o professor, o desvio comportamental é frequente nas escolas e, por falta de especialistas, culminam em crimes, que são encaminhados à Brigada de Polícia Escolar.
Em relação à valorização do professor, explicou que está intrinsecamente ligado ao seu comportamentoebomdesempenho da actividade.
“O professor precisa, realmente, de resgatar a sua mística a partir do seu trabalho”, disse, sublinhando que a sociedade reconhece o professor quando este realiza o seu trabalho com zelo.
A APA, como parceira, tem concertado com o Governo para manter a imagem credível do professor. Para tal, disse Inácio Gonga, é preciso que o docente leccione a disciplina na qual é formado.
“O professor do ensino primário deve ser formado na Escola de Formação de Professores, vulgo Magistério Primário, para ser capaz de transmitir os conhecimentos que aprendeu durante a sua acção formativa.”
O presidente da APA admitiu que, durante algum período, não se fazia a selecção de professores com formação, mas, desde 2002, o país tem estado a progredir e a inserir professores a partir dos concursos públicos, embora não seja um processo acabado.
Reconheceu que os educadores estão desprovidos de condições no local de trabalho, por haver escolas sem água, corrente eléctrica e espaços de acomodação.
Inácio Gonga apelou ao Governo para melhorar as condições nas escolas, apetrechando com carteiras, quadros, mapas, laboratórios e bibliotecas, para facilitar a orientação profissional dos alunos.
“Não podemos culpar o professor pela má qualidade de ensino”, advertiu, para justificar que, inclusive, há problemas de distribuição de manuais nas escolas, uma das razões que dificulta a qualidade.
Avaliação das escolas
O presidente da APA admitiu ser necessária uma avaliação do tipo de escolas existentes, para se compreender “se as escolas são paredes cobertas e funcionais.”
Ao afirmar que ensinar é uma arte e não se compadece com o improviso, disse que o professor deve ter na sala o plano de aulas para transformar a sessão num convívio e numa acção de interacção, onde o docente não é depositário, conhecedor de tudo, mas aquele que partilha os pressupostos da pedagogia.
Para Inácio Gonga, o professor deve ser capaz de inculcar na mente dos jovens aquilo que são os objectivos de desenvolvimento do país.
O líder associativo salientou que a aula é um compromisso com a ciência e, para tal, o professor deve investigar e interagir com os alunos e colegas, tendo a escola como um centro de preparação do homem.
“No actual contexto do país, temos ainda muito para fazer. Estamos num processo de reforma da educação que está a sofrer correcções”, salientou.
Não podemos culpar o professor pela má qualidade de ensino. Há problemas de distribuição de manuais nas escolas, uma das razões que dificulta a qualidade