Composições nacionais em destaque
Ngola Ritmos, Manuel Rui Monteiro, Rui Mingas e Artur Nunes foram recordados por angolanos e portugueses numa noite memorável para a música angolana
Em mais uma noite diferente para a música angolana, sete artistas nacionais, exímios intérpretes de fado, reuniram-se quinta-feira no palco do Cine Atlântico, em Luanda, na quarta edição do Festival Caixa Fado.
O concerto decorreu em ambiente de fraternidade, num reencontro de portugueses com a sua cultura, que serviu, uma vez mais, para comemorar a união entre ambos os países.
Repartido em duas partes de aproximadamente 1h30 minutos cada, o quarto concerto do maior festival de promoção do fado decorreu com sala cheia e um público heterogéneo. A química perfeita entre cantores de distintas nacionalidades, origens e géneros musicais foi a nota dominante da noite na qual as performances em duplas encheram os olhos e ouvidos da plateia.
O repertório ficou dominado por 23 canções no ritmo do fado tradicional e moderno, mas a interpretação de três clássicos da Música Popular Angolana recebeu os aplausos mais efusivos. De regresso à catedral do Festival Caixa Fado, o Cine Atlântico, 48 anos depois, o músico Paulo Carvalho e C4 Pedro criam o momento mais emocionante da noite.
Festival encerrou ao som de “De Bragança para Luanda”, um fado popular recriado por Carminho
O português e o jovem cantor angolano apresentaram em dueto o tema “Meninos do Huambo”, de Manuel Rui Monteiro e Rui Mingas, levando a plateia a acompanhar em uníssono. O momento foi digno de registo. O público propiciou um festival de brilho com as luzes das câmaras dos telemóveis.
“Mona’mi”, original do conjunto Ngola Ritmos na inconfundível voz de Lourdes Van-Dúnem, foi interpretado pelo português natural do Namibe, Paulo Bragança, e Anabela Aya. Esta última, que na edição anterior levantou a plateia ao interpretar “Página Rasgada do Livro da Minha Vida”, de Zé do Pau, voltou a ganhar mérito na interpretação de “Tia”, de Artur Nunes.
Actuaram também Carminho, Marco Rodrigues e Afrikkanitha, que, como os outros cantaram temas de sua autoria, de Amália Rodrigues, Marisa, Carlos do Carmo, José Carlos dos Santos, Gomes Leal e outros clássicos daquele género de música portuguesa, instituído Património Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2011.
Com o suporte dos guitarristas Luís Guerreiro, Fábio Cardoso e José Freitas, os sete artistas encerraram o concerto ao som de “De Bragança para Luanda”, um fado popular recriado por Carminho.