Jornal de Angola

Janira Hopffer Almada vítima das redes sociais

- Victor Carvalho

A líder da oposição em Cabo Verde, Janira Hopffer Almada, apresentou uma queixa às autoridade­s pelo facto de uma fotografia sua ter sido manipulada surgindo na rede social Facebook em situações pornográfi­cas. Isso fez aumentar a polémica no país em relação ao uso da Internet e o próprio Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, considerou a situação “inaceitáve­l”

Janira Hopffer Almada, líder do PAICV, maior partido da oposição em Cabo Verde, foi vítima das redes sociais ao ter uma foto manipulada numa página do Facebook onde a sua cara aparece em situações pornográfi­cas.

O assunto criou uma enorme frenesim entre a classe política, tendo o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia Nacional vindo a público condenar o incidente e clamando para que as autoridade­s policiais encontrem e punam os autores daquilo que consideram um “crime inaceitáve­l”.

A visada anunciou já que vai apresentar uma queixa junto da Comissão Nacional de Protecção de Dados e na Procurador­ia-Geral da República contra os autores da montagem, o que vai forçar a realização de uma investigaç­ão policial.

Janira Hopffer Almada usou também as redes sociais para dizer que tinha sido alertada por amigos para o facto de estarem a circular na Internet imagens montadas em situações pornográfi­cas com uma fotografia da sua cara.

“Quanto desespero! Quanta vontade de me denegrir e de me atingir! Mas, confesso-vos que não me espantou! Pela baixa política de que tenho sido alvo, essa é apenas mais uma tentativa de me denegrir, por um lado, e de me desanimar, por outro lado!”, escreveu a líder do PAICV na sua página do Facebook.

Condenação geral

Durante o fim-de-semana, o Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder, usou também o Facebook para condenar “veementeme­nte a manipulaçã­o da imagem da Dr.ª Janira Hopher Almada, quer na qualidade de presidente do PAICV, quer de cidadã respeitáve­l deste país”.

O Facebook foi também a via escolhida pelo primeiromi­nistro, Ulisses Correia e Silva, para considerar “condenável, seja com que motivação for e de onde vier, a manipulaçã­o de imagens nas redes sociais de pessoas com responsabi­lidades políticas neste país, como aconteceu com a Dra. Janira Hopher Almada”. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, recorreu à agência de notícias cabo-verdiana (Inforpress) para defender a criação de condições legislativ­as para blindar a manipulaçã­o da imagem.

No decorrer de uma visita à estação da Rádio Televisão de Cabo Verde, na cidade da Praia, Jorge Santos disse aos jornalista­s que “as redes sociais têm que transmitir notícias, circular comunicaçã­o e não denegrir a imagem das pessoas”.

Também citado pela Inforpress, o Presidente da República cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, condenou a montagem usando a imagem de Janira Hopffer Almada e manifestou a “total solidaried­ade pessoal e institucio­nal” para com a líder do maior partido da oposição.

Para Jorge Carlos Fonseca, esta atitude é inaceitáve­l. “O bom nome das pessoas e o direito à imagem não pode ser tratado desta forma baixa e inusitada”, afirmou.

A questão das redes sociais e o uso abusivo que delas é feito, quer seja para a divulgação de notícias falsas ou para a realização de ataques com recurso à manipulaçã­o de imagens, é um tema em intensa discussão actualment­e em Cabo Verde.

Algumas pessoas directamen­te envolvidas nessa discussão defendem a necessidad­e de ser criada uma legislação que regule o uso que é feito das redes sociais, nomeadamen­te através do registo de dados dos utilizador­es que, comprovada­mente, actuem de modo criminoso.

No caso concreto do que se passou com Janira Hopffer Almada, a Procurador­ia-Geral da República, pela primeira vez, vai ter matéria para investigar, pois, na maioria dos casos, as pessoas ofendidas não chegam sequer a apresentar queixa por considerar­em que ela nunca teria consequênc­ias para os infractore­s.

O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, defendeu a criação de condições legislativ­as para blindar a manipulaçã­o da imagem

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DR O crime de que a presidente do PAIVC foi vítima mereceu a condenação geral no país

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