Novo acordo ortográfico desfavorável para o país
A Academia Angolana de Letras (AAL) considera desfavorável a adesão de Angola ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90) por se tratar de um instrumento que não promove a unificação da grafia do idioma e por não convergir para a promoção e difusão da língua no país.
Numa declaração em seis pontos, apresentada ontem, em Luanda, a instituição privada, sem fins lucrativos e de carácter cultural e científico, que se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto, advoga que um acordo ortográfico da Língua Portuguesa que vier a vigorar no país deve considerar a importância das línguas nacionais como factor de identidade nacional, além da necessidade de coexistência entre todas elas.
Os membros da instituição, que tem Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola, como patrono, consideram que a escrita de palavras, cujos origem provenham de línguas Bantu, sejam feitas em conformidade com as normas da ortografia dessas línguas, mesmo quando o texto seja escrito em português.
A Academia Angolana de Letras considera imprescindível que se estabeleça, por parte dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), um período determinado para análise, discussão e concertação de ideias à volta deste assunto, a fim de se encontrar um denominador comum que permita harmonizar a aplicação do AO90 em todo o espaço lusófono.
Os membros da Academia Angolana de Letras recomendam que o Estado invista em ensino de qualidade, quer em língua portuguesa quer nacionais, como contribuição para a preservação destes idioma e como factor de progresso económico, social e cultural.
O presidente da Academia Angolana de Letras, Boaventura Cardoso, disse que o actual acordo da Língua Portuguesa trouxe mais problemas do que soluções e um iminente risco de uma deriva arriscada que pode levar à desvirtuação da Língua Portuguesa, que também é património dos angolanos.
No seu entender, não é aceitável que Angola subscreva o AO90 pelo facto de o mesmo não apresentar flexibilidade em relação às línguas nacionais dos países africanos e de Timor Leste. Além disso, continuou, não foram tidos em conta os aspectos particulares do que se pode designar como as variantes ou indícios de variedades do português falado nos países africanos de expressão portuguesa e em Timor Leste.