Fenómeno religioso em debate
Especialistas nacionais e estrangeiros debatem hoje e amanhã, em Luanda, o fenómeno religioso, um tema que suscita muito interesse.A conferência internacional decorre sob o lema “Uma análise desinibida e despreconceituosa sobre a crise de valores”.
A Escola Nacional de Administração, em Luanda, acolhe hoje e amanhã uma conferência internacional sobre a questão religiosa em Angola.
A conferência, que decorre sob o lema “Uma análise desinibida e despreconceituosa sobre a crise de valores”, pretende promover a compreensão crítica e interactiva do contexto, da estrutura e da diversidade do fenómeno religioso.
O encontro, que se realiza em parceria com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), tem como objectivo propiciar conhecimentos sólidos aos cidadãos e uma formação teórico-metodológica para os docentes e investigadores no campo das ciências da religião e da educação.
De acordo com um documento distribuído pela organização da conferência, a Enad pretende, com este exercício, contribuir para o fortalecimento institucional e o desenvolvimento do país através da especialização de competências necessárias e o aumento da qualidade, produtividade e eficácia das instituições dos sectores público e privado.
O debate sobre o fenómeno religioso, acrescenta a nota, revela-se um tema ambíguo que carece de maior clarificação. “A sociedade civil, sobretudo o Poder Executivo, não deve ter medo de descer ao quotidiano para perceber as formas agressivas e manipuladoras dos fenómenos dramáticos sobre os quais assentam as diferentes formas de fanatismos religiosos que desenrolam no interior das comunidades”, refere a nota.
“Não podem refugiar-se naquilo que já é supostamente sabido, assistindo incrédulos e impotentes às experiências de insurreição religiosa com etiqueta de fundamentalismo religioso e o aparecimento sub-reptício na cena política de movimentos colectivos que pretendem reconduzir as razões da política às razões do espírito religioso.”
O país, diz o documento, vive um tempo marcado por profundas transformações que mexem com esquemas de referência de todas as dimensões humanas e com uma maior universalização de acesso ao conhecimento e ao ensino.
O comunicado acrescenta que Angola vai percebendo claramente os fenómenos e as contradições em que a sociedade está cada vez mais emersa, daí que “não se pode esperar mais por tanto tempo e por tanto silêncio.” Por isso, “urge a necessidade de trazer para a reflexão e discussão pública essas questões inquietantes, porém, adormecidas.”
O encontro reúne especialistas de Moçambique, Portugal, França e Brasil e angolanos em matéria de direito, religião e líderes religiosos.