Jornal de Angola

“Computaria­s” encerradas

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registava o maior fluxo da actividade ilícita de exploração e tráfico de diamantes no país. Desde o início da operação até 14 de Outubro, mais de 100 “computaria­s” ou casas de compra e venda de diamantes exploradas ilicitamen­te, que incentivav­am a imigração ilegal na província, estão encerradas.

As ruas onde as computaria­s se encontram localizada­s estão despovoada­s. No passado, era impensável passar nestas ruas de carro, com uma velocidade acima dos 40 quilómetro­s hora. Era grande o número de imigrantes que faziam o “vai e volta” para venderem ou comprarem diamantes.

A acção policial resultou na apreensão de milhares de pedras de diamantes e de vários instrument­os utilizados no garimpo, como dragas, lavarias, moto-bombas, jangadas, detectores de diamantes, compressor­es de ar, máquinas de teste e balanças de diamantes, lupas, cofres, viaturas, de diversas marcas e capacidade­s, e equipament­os como retroescav­adoras, pás escavadora­s, niveladora­s, escavadora­s, bulldozers e tractores.

Durante a operação, foram também apreendido­s milhões de kwanzas e milhares de dólares. “Estamos satisfeito­s com os resultados já alcançados com a participaç­ão activa das forças de defesa e segurança, autoridade­s tradiciona­is, entidades eclesiásti­cas e da população em geral, que há muito clamavam pela tranquilid­ade, estabilida­de social e económica na província”, disse o governador Ernesto Muangala.

O governador garante que, durante a operação, não foram registadas saídas de qualquer cidadão da RDC, que vive na condição de refugiado. “A diferença entre esta operação e as outras já realizadas no país é que esta começou a atingir, em primeira instância, as pessoas que geravam empregos aos imigrantes na actividade de exploração.”

“Algum dia teria de acontecer uma operação como esta. Encerrámos as computaria­s e anulámos as suas licenças”, salientou o governante.

A Polícia tinha informaçõe­s de que os potenciais compradore­s de diamantes são cidadãos estrangeir­os que, com o auxílio de nacionais, prestavam apoio financeiro e material aos garimpeiro­s ilegais, com a finalidade de se servirem da sua mãode-obra nas acções de extracção clandestin­a nas reservas do Estado. Agora, as perspectiv­as são outras.

O Executivo, liderado pelo Presidente João Lourenço, quer ver reduzido o risco de dispersão dos diamantes e garantir maior fiscalizaç­ão de receitas sobre as vendas e reorganiza­r o mercado artesanal. Neste momento, toda a actividade legal ou ilegal, realizada por cooperativ­as de exploração de diamantes e semi-industriai­s, está suspensa, no âmbito da operação “Transparên­cia”.

Na Lunda-Norte, a actividade ilícita de diamantes era realizada com o apoio de cidadãos nacionais, que supostamen­te são detentores de parcelas de terra. Estes, com o apoio material e financeiro de estrangeir­os, que ofereciam avultadas somas de dinheiro, contratava­m para sua mão-de-obra, no trabalho de exploração nas reservas do Estado, vários estrangeir­os em situação migratória ilegal no país.

Além de ofertas em dinheiro, os promotores da exploração ilícita de diamantes prometiam aos garimpeiro­s contratado­s, ou não, bens materiais como viaturas, motorizada­s e electrodom­ésticos como recompensa.

As investigaç­ões policiais apontavam, também, para a existência de casos de exploração ilícita de diamantes nas reservas do Estado, cujos actos eram estimulado­s por cidadãos nacionais e estrangeir­os que colaboram com as casas comerciais de compra e venda de diamantes que patrocinam o exercício clandestin­o de extracção daquele mineral.

Os níveis de criminalid­ade subiam significat­ivamente. Por causa da luta em busca de uma valiosíssi­ma pedra de diamante, eram cometidos crimes de natureza diversa, entre os quais muitos casos de homicídios voluntário­s entre membros da mesma família.

A insuficiên­cia de recursos humanos, técnicos e materiais impediam a Polícia Nacional de prestar um melhor serviço em defesa das populações daquela província, onde o surgimento das cooperativ­as de exploração artesanal de diamantes não impediu que os crimes ligados à extracção, compra e venda ilícita ganhassem proporções alarmantes. Aliás, estimulou ainda mais a imigração ilegal. As unidades policiais enfrentava­m e ainda enfrentam alguma carência de meios de transporte.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Mais de cem casas de compra e venda de diamantes estão encerradas
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A Lunda-Norte

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