Dados de eleitores correm o risco de utilização ilegal
Os dados dos guineenses registados no recenseamento eleitoral correm o risco de ser utilizados irregularmente por alguns partidos políticos. Alguma imprensa refere que os cartões podem ser usados fraudulentamente nas autárquicas de 18 de Novembro
Perante múltiplas denúncias, feitas por cidadãos e pela própria imprensa, o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) da GuinéBissau apelou às brigadas de recenseamento e aos fiscais dos partidos políticos, para que respeitem escrupulosamente a Lei, e sublinha que os dados dos cidadãos são privados.
“A Comissão Técnica de Informação e Sensibilização do GTAPE apela à todos os presidentes de brigadas de recenseamento e fiscais dos partidos políticos, para o estrito cumprimento da Lei, sendo que os dados dos cidadãos legalmente registados são privados e intransmissíveis”, pode ler-se num comunicado divulgado à imprensa pelo GTAPE.
Para fazer frente às suspeitas que estão a ser veiculadas pela imprensa, o Gabinete pede a colaboração mútua entre os brigadistas e os fiscais dos partidos políticos, para que o andamento do processo de recenseamento não seja manchado por acções irregulares.
A situação não é nova, uma vez que já no começo do mês de Outubro, o próprio director-geral do GTAPE denunciou que os fiscais dos partidos políticos estavam ilegalmente a reter o cartão de eleitor das pessoas que tinham acabado de recensear-se, para tirar os dados pessoais.
“Os partidos políticos podem pedir aos brigadistas o número de recenseados, mas não podem pedir o cartão de eleitor e tirar os dados pessoais das pessoas recenseadas”, afirmou na ocasião o referido responsável.
Nos últimos dias surgem notícias a dar conta da possibilidade das eleições poderem ser adiadas, visto que todo o processo de preparação pode não ficar concluído à tempo, de estas realizaremse no dia 18 do próximo mês.
Esta fase do processo está a provocar fortes críticas dos partidos sem assento parlamentar e da sociedade civil, que pedem que as legislativas sejam adiadas.
Essencialmente, está em causa o processo de recenseamento eleitoral, que não decorreu entre 23 de Agosto e 23 de Setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada do equipamento para o registo biométrico.
Na verdade, o recenseamento só começou a 20 de Setembro, deve terminar no sábado. O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral está a fazer o registo de eleitores em todo o território nacional e na diáspora, com apenas 150 ‘kits’.
Extremismo islâmico
Com as eleições legislativas aparentemente à vista, o governador da região de Gabú, Abdú Sambú, está preocupado com os “sinais de extremismo islâmico” na Guiné-Bissau, e desafiou o Governo central a reforçar a vigilância a certos grupos que operam no centro da cidade de Bissau.
Segundo ele, em declarações à agência Lusa, tratase de uma corrente islâmica proveniente da Guiné -Conacri e que ocupa a maioria das lojas e armazéns nos mercados da capital.
“Têm uma mesquita, ao lado do mercado do Bandim, que deve estar debaixo de olho do Governo, para que se saiba o que lá se passa”, alertou Abdú Sambú, também ele muçulmano. O responsável considera benéfica a proximidade da região de Gabú com a Guiné -Conacri, mas entende que esta também carrega “muitos males”, que terão que ser geridos “para toda a vida”.
Segundo Abdú Sambú, os naturais da Guiné -Conacri já representam 40 por cento da população de Gabú, com tendência a aumentar e transportam hábitos que não são iguais aos da Guiné-Bissau, como por exemplo, as mulheres de cara e corpo tapados na via pública. “As nossas escolas têm de estar preparadas, nós teremos que estar preparados, para enfrentar esses desafios”, defendeu Abdú Sambú, preocupado com os “fanatismos”.
O dirigente entende que o Governo “tem de ter mão pesada”, para estancar quaisquer sinais de extremismo ou fanatismo que possam surgir no país, que passa pelo abandono de “certas práticas” em relação à comunidade muçulmana.