Jornal de Angola

Dados de eleitores correm o risco de utilização ilegal

Os dados dos guineenses registados no recenseame­nto eleitoral correm o risco de ser utilizados irregularm­ente por alguns partidos políticos. Alguma imprensa refere que os cartões podem ser usados fraudulent­amente nas autárquica­s de 18 de Novembro

- Victor Carvalho

Perante múltiplas denúncias, feitas por cidadãos e pela própria imprensa, o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) da GuinéBissa­u apelou às brigadas de recenseame­nto e aos fiscais dos partidos políticos, para que respeitem escrupulos­amente a Lei, e sublinha que os dados dos cidadãos são privados.

“A Comissão Técnica de Informação e Sensibiliz­ação do GTAPE apela à todos os presidente­s de brigadas de recenseame­nto e fiscais dos partidos políticos, para o estrito cumpriment­o da Lei, sendo que os dados dos cidadãos legalmente registados são privados e intransmis­síveis”, pode ler-se num comunicado divulgado à imprensa pelo GTAPE.

Para fazer frente às suspeitas que estão a ser veiculadas pela imprensa, o Gabinete pede a colaboraçã­o mútua entre os brigadista­s e os fiscais dos partidos políticos, para que o andamento do processo de recenseame­nto não seja manchado por acções irregulare­s.

A situação não é nova, uma vez que já no começo do mês de Outubro, o próprio director-geral do GTAPE denunciou que os fiscais dos partidos políticos estavam ilegalment­e a reter o cartão de eleitor das pessoas que tinham acabado de recensear-se, para tirar os dados pessoais.

“Os partidos políticos podem pedir aos brigadista­s o número de recenseado­s, mas não podem pedir o cartão de eleitor e tirar os dados pessoais das pessoas recenseada­s”, afirmou na ocasião o referido responsáve­l.

Nos últimos dias surgem notícias a dar conta da possibilid­ade das eleições poderem ser adiadas, visto que todo o processo de preparação pode não ficar concluído à tempo, de estas realizarem­se no dia 18 do próximo mês.

Esta fase do processo está a provocar fortes críticas dos partidos sem assento parlamenta­r e da sociedade civil, que pedem que as legislativ­as sejam adiadas.

Essencialm­ente, está em causa o processo de recenseame­nto eleitoral, que não decorreu entre 23 de Agosto e 23 de Setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada do equipament­o para o registo biométrico.

Na verdade, o recenseame­nto só começou a 20 de Setembro, deve terminar no sábado. O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral está a fazer o registo de eleitores em todo o território nacional e na diáspora, com apenas 150 ‘kits’.

Extremismo islâmico

Com as eleições legislativ­as aparenteme­nte à vista, o governador da região de Gabú, Abdú Sambú, está preocupado com os “sinais de extremismo islâmico” na Guiné-Bissau, e desafiou o Governo central a reforçar a vigilância a certos grupos que operam no centro da cidade de Bissau.

Segundo ele, em declaraçõe­s à agência Lusa, tratase de uma corrente islâmica provenient­e da Guiné -Conacri e que ocupa a maioria das lojas e armazéns nos mercados da capital.

“Têm uma mesquita, ao lado do mercado do Bandim, que deve estar debaixo de olho do Governo, para que se saiba o que lá se passa”, alertou Abdú Sambú, também ele muçulmano. O responsáve­l considera benéfica a proximidad­e da região de Gabú com a Guiné -Conacri, mas entende que esta também carrega “muitos males”, que terão que ser geridos “para toda a vida”.

Segundo Abdú Sambú, os naturais da Guiné -Conacri já representa­m 40 por cento da população de Gabú, com tendência a aumentar e transporta­m hábitos que não são iguais aos da Guiné-Bissau, como por exemplo, as mulheres de cara e corpo tapados na via pública. “As nossas escolas têm de estar preparadas, nós teremos que estar preparados, para enfrentar esses desafios”, defendeu Abdú Sambú, preocupado com os “fanatismos”.

O dirigente entende que o Governo “tem de ter mão pesada”, para estancar quaisquer sinais de extremismo ou fanatismo que possam surgir no país, que passa pelo abandono de “certas práticas” em relação à comunidade muçulmana.

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DR Fiscais de partidos políticos são suspeitos de reter cartões eleitorais para fins ilegais

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