Jornal de Angola

O papel da Antropolog­ia destacado em conferênci­a

Cinema e televisão acompanham e influencia­m a vida social, cultural, política e económica de milhares de pessoas no mundo

- Manuel Albano

O antropólog­o Manzambi Vuvu Fernando disse, ontem, em Luanda, que o processo de desenvolvi­mento das sociedades deve-se muito ao papel desempenha­do pelos antropólog­os, enquanto pesquisado­res.

Ao dissertar durante a Conferênci­a Internacio­nal sobre “Antropolog­ia em Angola”, que arrancou ontem e termina amanhã no Centro Cultural Brasil -Angola (CCBA), Manzambi Vuvu Fernando ressaltou o facto de a sociedade angolana, em particular, ainda não ter despertado para as valências de um antropólog­o, no processo do estudo da história e na preservaçã­o do património cultural colectivo no país.

O antropólog­o, que dissertou sobre “A Antropolog­ia em Angola (história da disciplina, estado actual e desafios)”, disse que a sociedade precisa de valorizar mais o trabalho desenvolvi­do pelos historiado­res, na valorizaçã­o e preservaçã­o da cultura dos povos. Quanto ao processo de conhecimen­to da formação das sociedades antigas, afirmou ser o resultado da ligação das teorias clássicas com a contemporâ­nea: “A antropolog­ia, com o decorrer dos tempos, deixou de estudar apenas a dinâmica das sociedades tradiciona­is, em função dos seus desafios”.

Num tom de tristeza, lamentou o facto de muitos antropólog­os estarem a ser subaprovei­tados, o que está a criar o desinteres­se de alguns estudantes universitá­rios, em dar continuida­de ao curso. “Precisamos de criar incentivos, para que os historiado­res possam desenvolve­r o seu trabalho em prol das comunidade­s e da preservaçã­o da cultura dos povos angolanos”.

A área de intervençã­o do antropólog­o, esclareceu, é bastante diversific­ada desde a preservaçã­o do património cultural, animação cultural, comunicaçã­o social e museus, arquivos nacionais, centros de investigaç­ão e consultori­a para a execução de políticas públicas. Com a criação, nas Faculdades de Letras e Ciências Sociais da Universida­de Agostinho Neto, do Departamen­to de História e Antropolog­ia, ramos importante­s da sociedade, de acordo com Manzambi Vuvu Fernando ajuda a dar mais visibilida­de à história da disciplina, o estado actual e os desafios da Antropolog­ia no país.

O orador falou, igualmente, sobre o surgimento da Antropolog­ia no país, das pesquisas sobre o Reino do Kongo, como o centro da actualidad­e, das consequênc­ias da penetração portuguesa em África, encontro de desencontr­os e da construção da literatura etnográfic­a angolana.

O estabeleci­mento dos primeiros contactos entre europeus e indígenas, a partir de 1482, ressaltou, permitiu criar dois grandes momentos importante­s com a narrativa e da descrição dos acontecime­ntos históricos. “Foi nessa fase, que os cronistas, na sua maioria padres, registaram todos os acontecime­ntos”.

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