Jornal de Angola

Orçamento de 2019 prevê redução do peso da dívida

Ministro das Finanças, Archer Mangueira, revelou ontem que o sector da saúde recebe uma fatia de sete por cento e o da educação seis por cento do total das despesas no Orçamento Geral do Estado de 2019, em fase de preparação

- Victorino Joaquim

O Governo estimou ontem que a dívida pública do país ronda os 70 mil milhões de dólares, garantindo que o Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica “vai reduzir o peso da dívida”, prevendo já para o exercício económico de 2019 um Orçamento sem défice. A situação foi relatada ontem pela secretária de Estado para o Orçamento, Aia Eza da Silva, quando apresentav­a o Quadro Macroeconó­mico de 2019 e os limites da despesa para elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o próximo ano. Apesar da subida no mercado internacio­nal do preço do “Brent”, índice de referência das exportaçõe­s do petróleo em Angola, a secretária de Estado do Orçamento pediu “ponderação”, recordando que o país se endividou muito nos últimos anos.

A dívida pública do país é estimada em 70 mil milhões de dólares, revelou ontem a secretária de Estado para o Orçamento, Aia Eza da Silva, quando fazia a apresentaç­ão do quadro macroeconó­mico para 2019, num encontro entre os membros do Executivo e parceiros sociais.

Segundo Aia Eza da Silva a implementa­ção do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica “vai reduzir o peso da dívida”, prevendo já para 2019 um Orçamento sem défice.

A secretária de Estado não revelou os valores do próximo Orçamento, mas adiantou que o Programa de Investimen­tos Públicos (PIP) preliminar para o exercício económico de 2019 contempla despesas no valor de um trilião, 85 biliões, 551 milhões 907 mil e 316 kwanzas para projectos nos sectores da Energia e Águas, Transporte, Educação e Saúde.

O valor vai servir para a execução de 2.382 projectos com financiame­nto garantido, de acordo com a proposta sobre os limites de despesas para a elaboração do OGE 2019, apresentad­o ontem pela secretária de Estado para o Orçamento, durante a sessão de consulta pública do referido documento.

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que o sector da saúde recebe, no próximo ano, uma fatia de sete por cento e o da educação seis por cento do total das despesas, tendo considerad­o que os dois sectores tiveram uma participaç­ão total nas despesas maior de todos os tempos comparativ­amente aos anos anteriores.

O ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, considerou o presente ano como positivo, pelo facto de estar a permitir a estabilida­de económica do país, através da implementa­ção do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica, cujos resultados, disse, “são encorajado­res”.

Em 2017, disse, o défice fiscal era de 5,6 por cento, enquanto que para este ano o défice está abaixo de um por cento. Em relação à inflação, até finais do ano passado o país estava a atingir níveis elevados, e este ano regista uma redução significat­iva. Segundo Manuel Nunes Júnior, prevê-se, para este ano, uma inflação abaixo de 20 por cento. Destacou igualmente a redução da diferença da taxa de câmbio de 150 por cento para cerca de 20 por cento do mercado oficial em relação ao mercado informal. O ministro de Estado anunciou que o OGE 2019 vai assumir as despesas constantes do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018-2022, tendo realçado que o mesmo não acontecia no passado. “Nenhuma actividade, tarefa ou acção será incluída no OGE se não estiver enquadrada num desses programas”, afirmou Manuel Nunes Júnior, acrescenta­ndo que a medida estará focada na disciplina, com vista a tornar o OGE mais eficiente e eficaz.

No encontro, foram apresentad­as as projecções do quadro macroeconó­mico referentes a 2019, que vão permitir ao Governo “cortar ou afectar verbas a um determinad­o sector”. Na reunião, o Ministério da Economia e do Planeament­o apresentou também os limites do OGE 2019 e o investimen­to público a ser realizado neste período.

As projecções efectuadas no âmbito do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 20182022 indicam que naquele período a economia nacional deverá ter um cresciment­o médio anual em termos reais de 3%, impulsiona­do pelo cresciment­o médio anual do sector não petrolífer­o que se situará na ordem de 5,1%.

Os participan­tes apresentar­am várias preocupaçõ­es, com destaque para as questões de desenvolvi­mento social e do sector produtivo.

Em resposta às preocupaçõ­es apresentad­as, o ministro das Finanças disse que o OGE deve privilegia­r despesas para alavancar os sectores Produtivo e do Turismo, com investimen­tos nos sectores da Energia, Água e Estradas.

Archer Mangueira mostrou-se satisfeito pelo facto de a taxa de inflação prevista para o OGE de 2018, de 28 por cento, reduzir para 18,9 por cento, fruto dos esforços que estão a ser desenvolvi­dos no sentido de apoiar os empresário­s na captação de recursos financeiro­s externos.

Resultados do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica “são encorajado­res” - ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social Manuel Nunes Júnior

Ao presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, que apresentou a sugestão da revisão da forma como está a ser feita a tributação, o ministro anunciou que já está em curso este procedimen­to, pelo que, só não foi aplicada mais cedo por recomendaç­ão da Assembleia Nacional. “Neste momento está a ser feita a revisão da lei de tributação, que vai permitir a alteração dos impostos industrial e do IRT, ajustando à nova situação macroeconó­mica, facilitand­o a vida das famílias”, disse.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Alguns dos membros do Executivo presentes no encontro de auscultaçã­o com parceiros sociais sobre o OGE de 2019

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