Pobreza extrema continua a baixar a um ritmo lento
A taxa de pobreza mundial caiu para um novo mínimo de dez por cento em 2015, mas o objectivo de erradicar a pobreza até 2030 está em risco, apontando-se já a necessidade de se aumentarem os investimentos favoráveis aos pobres, conclui o Banco Mundial.
Hoje, há menos pessoas a viverem na pobreza extrema em todo o mundo, mas a redução das taxas desacelerou, suscitando preocupações quanto ao alcance do objectivo de erradicar a pobreza até 2030.
A percentagem de pessoas que vivem na pobreza extrema no mundo inteiro atingiu um novo mínimo de dez por cento em 2015, o último dado disponível, uma pequena queda em relação aos 11 por cento de 2013, indicadores que reflectem um progresso constante, mas em desaceleração.
O número de pessoas que vive com menos de 1,90 dólares por dia teve uma redução de 68 milhões durante esse período, passando para 736 milhões. “Nos últimos 25 anos, mais de mil milhões de pessoas superaram a pobreza extrema e a taxa de pobreza global é actualmente mais baixa do que alguma vez registado na história”, revelam os dados do Banco Mundial.
Para já, esta é uma das maiores conquistas humanas do nosso tempo, segundo o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim. “Mas, para acabar com a pobreza até 2030, precisamos de muito mais investimento, em especial na criação de capital humano, para ajudar a promover o crescimento inclusivo que será necessário para alcançar os restantes pobres. Para o bem deles, não podemos falhar”, concluiu Jim Yong Kim.
Apesar do imenso progresso na redução da pobreza extrema, as taxas permanecem persistentemente altas em países de baixo rendimento e nos países afectados por conflitos e convulsões políticas. Essas estimativas devem ser publicadas hoje, num relatório em prol do Dia da Erradicação da Pobreza, intitulado “Pobreza e Prosperidade Partilhada 2018: Juntar as Peças do Puzzle da Pobreza”.
Cerca de metade dos países do mundo têm agora taxas de pobreza abaixo de 3,00 por cento, mas o relatório conclui que o mundo, como um todo, não está no caminho certo, para atingir a meta de menos de 3,00 por cento daqueles que vivem em pobreza extrema até 2030.
Entre 1990 e 2015, a taxa de pobreza extrema baixou em média um ponto percentual por ano, de quase 36 por cento para dez por cento. Mas, a taxa caiu apenas um ponto percentual entre 2013 e 2015. A desaceleração em números globais resulta sobretudo de uma concentração crescente da pobreza extrema em regiões onde a redução da pobreza foi mais lenta. Um caso ilustrativo é a África Subsahariana, onde praticamente até nos cenários mais optimistas a pobreza manter-se-á num valor de dois dígitos até 2030, na ausência de alterações significativas da política. O abrandamento do declínio da pobreza também reflecte a queda dos preços das matérias-primas, conflitos e outros desafios económicos para os países em desenvolvimento.
A previsão preliminar do Banco Mundial é que a pobreza extrema tenha baixado para 8,6 por cento em 2018. O limiar internacional de pobreza está actualmente avaliado em 1,90 dólares, em termos de paridade de poder de compra de 2011, o que equilibra o respectivo poder de compra em todos os países e moedas.
Duas regiões, Ásia Oriental e Pacífico e Europa e Ásia Central, reduziram a pobreza extrema para valores abaixo dos 3,00 por cento. O Médio Oriente e Norte de África já tinham anteriormente estado abaixo de 3,00 por cento em 2013, mas o conflito na Síria e no Iémen elevou as respectivas taxas de pobreza em 2015. O relatório a ser hoje lançado deve também fornecer dados sobre outro objectivo principal do Banco Mundial, que é o de “aumentar a prosperidade partilhada, definida como o aumento dos rendimentos dos 40 por cento mais pobres em cada país.
Adicionalmente, o relatório deve explorar novas formas de analisar e medir a pobreza. As novas medidas permitem ao Banco Mundial uma melhor monitorização da pobreza em todos os países, em múltiplos aspectos da vida e de todos os indivíduos em todos os agregados familiares. O lançamento do relatório vai ser transmitido em directo pela Internet, hoje, em World Bank Live, às 12h30.