Republicanos podem perder a maioria no Congresso
Republicanos podem perder a maioria no Congresso a favor dos democratas, o que pode pôr em risco uma reeleição de Donald Trump dentro de dois anos
Os norte-americanos vão amanhã às urnas para as eleições legislativas de meio mandato, nas quais deve ser renovada metade da Câmara dos Representantes e o Senado, bem como a escolha de governadores de Estados.
As sondagens indicam que os democratas devem recuperar o controlo do Congresso e vários governos estaduais, nas eleições intercalares, o que pode pôr em risco uma reeleição do Presidente Donald Trump, dentro de dois anos.
Diversos estudos revelam que há seis em sete hipóteses de os democratas ganharem o controlo da Câmara dos Representantes do Congresso, mas apenas uma em sete hipóteses de dominarem o Senado, nas eleições intercalares nos Estados Unidos da América (EUA) para a escolha de congressistas, senadores e governadores em 36 Estados.
Neste momento, os republicanos controlam ambas as câmaras do Capitólio: Câmara dos Representantes e o Senado, o que tem facilitado a vida política do Presidente Donald Trump, que tem contado com o apoio das maiorias para fazer passar várias das suas medidas, mesmo as mais polémicas.
Contudo, as eleições intercalares devem alterar este cenário político, com a popularidade de Donald Trump em baixa e com o Partido Republicano dificilmente conseguir contrariar os avanços democratas, sobretudo nas eleições para governadores dos Estados (onde os republicanos devem perder seis a 10 lugares) e para o Congresso (onde actualmente os republicanos detêm 235 lugares, contra 193 dos democratas - sete lugares estão vagos).
Para o analista Amy Walter, do Cook Political Report, a melhor indicação de que os republicanos dão o Congresso por perdido é o roteiro final de comícios de Donald Trump, que se concentra nos locais onde se luta pelo controlo do Senado: “Trump quer uma posição ainda mais forte no Senado”.
O controlo republicano no Senado pode ser vital para Donald Trump, sobretudo se for criado um processo de 'impeachment', como indica a ameaça dos democratas, que lançam suspeitas sobre o envolvimento do Presidente nas alegadas interferências russas nas recentes eleições presidenciais.
Esse processo para a destituição do Presidente tem de começar no Con- gresso (o que pode provavelmente acontecer, com a previsível maioria democrata), mas mesmo que seja aprovado na câmara baixa do Capitólio precisa de ser validado no Senado, por 2/3 dos membros.
Mas sem uma maioria republicana no Congresso, Trump pode contar com vários outros problemas, criados a partir do Capitólio, desde investigações sobre os seus negócios, ou sobre as finanças de familiares seus ou de figuras que lhe são próximas e sobre os quais os democratas têm várias suspeições, como é o caso do secretário de Comércio, Wilbur Ross. “Vai haver um aumento substancial de pedidos do Congresso para averiguações, a que os republicanos terão de se submeter”, afirmou Justin Rood, analista da organização “Project On Government Oversight”, citado pela estação de televisão NCB, segundo a agência Lusa.
Outra consequência imediata é a dificuldade de manter a agenda legislativa republicana, com afirmações de vários congressistas democratas a prometer que travarão iniciativas como as que estavam delineadas nas áreas fiscais e de segurança social.
Com o controlo da maioria dos governos estaduais (como as sondagens indicam que deve acontecer), também a agenda legislativa dos democratas deve prevalecer, a nível local, onde o novo controlo terá uma capacidade de condicionar o trabalho dos congressistas e senadores dos respectivos Estados.
Este cenário é igualmente preocupante para as aspirações de reeleição de Donald Trump.
As investigações suscitadas pela maioria democrata no Congresso e a falta de apoio de muitos dos governos estaduais pode dificultar a base de apoio de que Trump precisa para tentar a reeleição dentro de dois anos.