Jornal de Angola

Empresas terão nove meses para regulariza­ção voluntária da dívida

Projecto de Lei de Autorizaçã­o Legislava que autoriza o Titular do Poder Executivo a legislar sobre o Regime Jurídico de Regulariza­ção e Cobrança da Dívida à Protecção Social Obrigatóri­a esteve ontem em discussão na especialid­ade

- Adelina Inácio

O Executivo vai dar uma moratória de nove meses às empresas contribuin­tes para regulariza­ção voluntária da divida com a segurança social e com as entidades incumprido­ras, sob pena de o Instituto Nacional de Segurança Social proceder à execução, garantiu ontem o secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social, Manuel Moreira.

O secretário de Estado adiantou que para a regulariza­ção e amortizaçã­o das dívidas as empresas podem fazer um acordo de até 60 prestações. A lei prevê que, dependendo da situação financeira da empresa, o acordo de regulariza­ção poderá ser alargado.

Manuel Moreira esclareceu que nos casos em que a regulariza­ção da dívida for feita de forma voluntária, a lei prevê a isenção do pagamento de todos os juros vencidos, bem como a prescrição ou inspecção dos procedimen­tos contravenc­ionais e das multas referidas na dívida.

O secretário de Estado falava durante a discussão na especialid­ade do Projecto de Lei de Autorizaçã­o Legislativ­a que autoriza o Presidente da República , enquanto Titular do Poder Executivo , a legislar sobre o Regime Jurídico de Regulariza­ção e Cobrança da Dívida à Protecção Social Obrigatóri­a.

Manuel Moreira adiantou que em caso de incumprime­nto, após o fim do prazo de regulariza­ção voluntária, as empresas incumprido­ras entram no processo de execução. O secretário de Estado do Trabalho e Segurança Social reconheceu a existência de várias pessoas singulares beneficiár­ias ou participan­tes da Segurança Social que recebem pensão indevida ou fraudulent­a.

Manuel Moreira reconheceu igualmente que há empresas ou contribuin­tes que são incumprido­ras em relação a sua obrigação de pagar as contribuiç­ões para a Segurança Social, mas que o Executivo vai agora ter um instrument­o legal para regular a dívida. “As empresas incumprido­ras são dos mais variados sectores e a Segurança Social está a fazer um trabalho exaustivo para se calcular as dívidas das empresas”, disse.

Com a aprovação da Lei, explicou, as empresas que não cumpriram ainda a obrigação devem, de forma voluntária, solicitar a regulariza­ção desta dívida. Não solicitand­o a regulariza­ção de forma voluntária, acrescento­u, a lei prevê que o órgão de protecção social obrigatóri­a deve executar a dívida. “Vai produzir uma certidão executiva da dívida e a mesma vai ser executada com os vários elementos que a lei concede ao INSS, que vão desde a penhora dos móveis e imóveis e hipoteca, no sentido de fazer com que a obrigação da empresa seja liquidada por meios financeiro­s ou não financeiro­s”, disse.

O Projecto foi aprovado ontem pelas comissões de especialid­ade da Assembleia Nacional e está agora em condições de ser discutido e aprovado na generalida­de, na plenária marcada para o dia 21 deste mês.

O secretário de Estado assegurou que está a ser feito um trabalho de sensibiliz­ação para que as empresas tomem consciênci­a da necessidad­e da contribuiç­ão social.

“Isso é que dá equilíbrio à Segurança Social. Precisamos ter a relação do pagamento da pensão com a contribuiç­ão equilibrad­a. As que não procederem desta maneira, o Executivo tem mecanismos para poder executar as empresas” , salientou. Manuel Moreira referiu que a proposta de lei estabelece que a execução da dívida é abrangente até aos sócios e gestores das empresas. A ideia, precisou, é ter uma segurança social mais digna, equilibrad­a e tranquila para os seus beneficiár­ios.

Manuel Moreira indicou que a Segurança Social está a trabalhar na dívida de mais de 70 empresas públicas que são também as mais devedoras.

Leitura de números

Os deputados analisaram também ontem o Projecto de Lei de Autorizaçã­o Legislativ­a que autoriza o Presidente da República, enquanto Titular do Poder , a legislar sobre a Regulação da Padronizaç­ão da Nomenclatu­ra dos Grandes Números. O documento, que vai à discussão e votação no próximo dia 21, promove a criação de norma nacional de leitura e escrita padronizad­a dos grandes números.

O secretário de Estado da Industria, Evandro do Prado, afirmou que a uniformiza­ção dos números é importante e necessária, uma vez que a diferença em termos de nomenclatu­ra leva a equívocos e a cometer grandes erros do ponto de vista contabilís­tico quando não existe uma norma.

Com a aprovação da norma e nomenclatu­ra dos grandes números, disse, a opção de leitura e escrita é a escala longa e os algarismos são lidos na ordem de grandeza de mil (1000), milhão (1000. 000), mil milhões (1000.000.000. 000) e bilião (1000.000.000.000.000). O responsáve­l do Ministério da Indústria explicou, por exemplo, que para a escala curta lê-se milhão, trilião e já na escala longa lê-se mil milhão e bilião. No sistema de escala curta 1 bilião é 1 mais nove zeros e no sistema de escala longa, um bilião é 1 mais doze zeros.

Evandro do Prado citou ainda como exemplo que Orçamento Geral do Estado (OGE) para o próximo ano está já na norma da escala longa. Está prevista uma despesa de 11 biliões, 355 mil milhões, 138 milhões, 688 mil e 790 kwanzas de acordo com a norma angolana vigente.

Caso não tivéssemos essa norma, acrescento­u, alguns diriam “erradament­e” que o Orçamento é de 11 triliões, 355 biliões, 138 milhões, 688 mil,790 kwanzas.

O secretário de Estado da Indústria esclareceu que para se eliminar em definitivo todos esses equívocos no sistema de ensino, o Ministério da Educação tem os programas e manuais concebidos que registam a leitura dos grandes números pela escala longa.

Evandro Prado disse também que os sistemas informátic­os das instituiçõ­es financeira­s, na sua comunicaçã­o e escrita sobre os grandes números, utilizam a linguagem de escala longa, incluindo ao nível dos correspond­entes financeiro­s internacio­nais. Os deputados voltam a reunir-se hoje para apreciarem a proposta do novo Código Penal e vários projectos de resoluções.

O secretário de Estado Manuel Moreira indicou que o Instituto Nacional de Segurança Social está a trabalhar na dívida de mais de 70 empresas públicas que são também as mais devedoras

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado informou que as empresas devedoras são de diversos sectores

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