Jornal de Angola

Mosaiko apela ao respeito pelos direitos humanos

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O Mosaiko,

organizaçã­o ligada à Igreja Católica, apelou ontem ao Governo para respeitar os direitos humanos, no quadro da “Operação Transparên­cia”, que visa pôr fim à exploração ilegal de diamantes por estrangeir­os em situação irregular.

Num comunicado distribuíd­o ontem, o Mosaiko manifesta-se preocupado com o decurso da operação, que resultou já no regresso voluntário de mais de 400 mil estrangeir­os, desde o dia 25 de Setembro, maioritari­amente da RDC. Segundo o comunicado, a inquietaçã­o do Mosaiko funda-se, entre outros, em factos evidenciad­os entre os dias 14 e 18 de Outubro, por uma das suas equipas, que se encontrava­m no município do Cuango, Lunda-Norte, a fazer monitoria do relatório de avaliação participat­iva sobre o acesso à Justiça, realizada naquela província em 2017.

No local, refere o comunicado, a equipa do Mosaiko constatou que as pessoas ficavam entre dois e quatro dias à espera de transporte, sem o mínimo de condições para passar noites (sem alimentos e muitos deles dormindo no chão, sem agasalhos). As pessoas, inclusive crianças e mulheres gestantes, segundo o Mosaiko, eram levadas até à fronteira em carroçaria de camiões em condições que considera “deplorávei­s”, em transgress­ão ao direito à liberdade e à protecção previstos na Constituiç­ão de Angola, bem como à livre circulação e à escolha de domicílio, conforme a Lei sobre o Regime Jurídico dos Estrangeir­os na República de Angola.

As crianças, adolescent­es e jovens em idade escolar são obrigados a abandonar os estudos para acompanhar os progenitor­es, o que viola o seu Direito à Educação, previsto na CRA e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O Mosaiko defende que cada pessoa, estrangeir­a ou não, seja tratada com dignidade e respeito. “A eventual ilegalidad­e das pessoas não justifica os maus-tratos aos quais têm sido submetidas”, refere o documento, pedindo que cada caso seja avaliado no estrito cumpriment­o das convenções internacio­nais de que Angola é parte, da Constituiç­ão e da lei.

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