Fatozinha: “Foi um dia marcante para todos nós”
em que a bandeira da República de Angola era hasteada, pela primeira vez, no Largo 1º de Maio, no longínquo ano de 1975, a cantora Fatozinha lá esteve com o agrupamento musical Kissanguela, no qual ingressara em 1974.
A única voz feminina do “Kissanguela”, ao lado de Calabeto, Santos Júnior, Artur Adriano, Belmiro Carlos, Manuelito, Mário Silva, Tino dya Kimwezo, Filipe Mukenga, Avozinho, Gyza e Tulingas, lembra com bastante tristeza e nostalgia que foram momentos de muita ansiedade porque o país estava prestes a tornar-se livre das opressões do colonialista. “Foi um dia marcante para todos nós que, mesmo debaixo de tiroteios, não deixamos de ir testemunhar aquele que seria o momento mais importante para os angolanos.”
Passados que são 43 anos da “Dipanda”, a cantora lamenta o estado social e económico em que muitos artistas da época se encontram, inclusive ela própria: “Lutámos todos, cada um na sua área específica por uma causa comum, mas hoje, infelizmente, apenas alguns se beneficiam do erário dos angolanos.”
Tia Fató como é também carinhosamente tratada, começou a sua carreira no período antes da independência. Na altura, em plenos anos 60, decidiu enveredar pela carreira musical, tendo iniciado em grupos carnavalescos com os músicos Artur Nunes e Candinho.
Foi uma participante activa na música de intervenção, no período conturbado da nossa revolução, tendo marcado presença em várias digressões. O seu disco de estreia, intitulado “Divua”, que em português significa “Azar”, foi lançado em 2010, na Praça da Independência, em Luanda.