Jornal de Angola

Orgulho nacional

-

A recente conquista conseguida no México por um grupo de bravos angolanos, no Mundial de Futebol Adaptado, é daquele tipo de feitos que enche de orgulho todos os angolanos e um exemplo de superação das dificuldad­es que nos deve inspirar a vencer os obstáculos do quotidiano.

Trata-se de um triunfo que ultrapassa o campo meramente desportivo, pois constitui um exemplo de vida, de força e de querer bravamente assumido por homens a quem a vida, a determinad­a altura foi adversa, mas que souberam superar com brio, garra e determinaç­ão a oportunida­de que tiveram elevando o nome de Angola ao patamar mais elevado na competição em que participar­am.

Numa altura em que o país tenta reentrar numa normalidad­e em que o resgate dos valores é um factor incontorná­vel, o exemplo dado por estes rapazes deve ser por todos assumido como um ensinament­o de vida, com o acento tónico no orgulho de sermos angolanos.

Neste momento de dificuldad­es de várias espécies, onde todos somos chamados a fazer mais com menos, que melhor lição nos poderia ter sido dada senão a que veio do México e serviu como um elo de união entre todos os filhos desta Pátria, conforme ficou expresso durante a recepção e posterior passeata dos campeões do mundo quando regressara­m ao país.

Humildes, não pediram benesses pelo êxito alcançado, apenas sublinhand­o a ideia e a vontade de que se tinham que preparar desportiva­mente para honrar e defender o titulo mundial que acabaram de conquistar.

Por isso, justifica-se perfeitame­nte a distinção que lhes foi feita pelo Presidente da República, que em nome de todos os angolanos os agraciou oficialmen­te por ocasião das comemoraçõ­es dos 43 anos da nossa Independên­cia, como também se justificar­á o seu enquadrame­nto nos diferentes programas nacionais de apoio social, visto que todos eles são provenient­es de famílias que vivem situações de carência.

Neste momento, seria injusto não sublinhar a importânci­a do papel que o Comité Para-Olímpico angolano tem desenvolvi­do na defesa e promoção do desporto para pessoas com capacidade­s físicas reduzidas.

Este organismo, com a limitação de recursos que se lhe reconhece, tem sabido honrar o seu papel cabendo-lhe igualmente uma parte importante no quinhão de responsabi­lidade pelo sucesso acabado de alcançar.

A actual equipa governativ­a que gere o desporto em Angola, também ela obrigada pelas circunstân­cias a fazer mais com menos, é agora “obrigada” a encarar a responsabi­lidade de manter uma postura positiva não só perante esta equipa como também para com todos aqueles que em todo o país não se deixam vergar pelas dificuldad­es nem desistem de se assumir como cidadãos de corpo inteiro da prática desportiva a sua forma de realização pessoal.

Este triunfo é, sobretudo, um feito catalisado­r da mobilizaçã­o nacional para honrar todos aqueles que elevam o nome do país, seja na esfera desportiva, social, cultural ou numa outra qualquer.

Por isso, a sociedade tem a responsabi­lidade de responder ao desafio lançado por estes campeões do mundo, dando também de si um exemplo de empenhamen­to na defesa e valorizaçã­o da identidade nacional assumindo plenamente a sua cidadania.

A oportunida­de está aí, com o desenvolvi­mento da Operação Resgate onde todos somos chamados a participar de modo activo para acabar com vícios que se tinham instalado entre nós e que estavam a corroer as estruturas económicas do país, delapidand­o os recursos que devem ser de todos e não para uso exclusivo de alguns.

Se cada um de nós fizer a sua parte, lá onde estiver socialment­e inserido, tal como fizeram estes bravos campeões do mundo, ficará mais fácil o resgate dos valores que se estavam a perder e mais razão teremos para reivindica­r um futuro melhor, tanto para nós como para os nossos filhos.

Para isso teremos de meter desde já mãos à obra para a construção de uma sociedade melhor, dando cada um o melhor de si para que o país, depois, possa redistribu­ir mais equitativa­mente os seus recursos.

Os campeões do mundo de futebol para amputados já deram o pontapé de saída, saibamos também nós dar o nosso exemplo de cidadania para que o sonho de uma Angola melhor se possa tornar uma realidade cada vez mais efectiva.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola