Jornal de Angola

Agostinho Neto

- Osvaldo Gonçalves

Nascido em Icolo e Bengo, a 17 de Setembro de 1922, e falecido em Moscovo, a 10 do mesmo mês, em 1979, o médico e escritor é considerad­o a principal figura do país no século XX. Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola desde 1962, primeiro como presidente honorário, Agostinho Neto proclamou a Independên­cia de Angola a 11 de Novembro de 1975 e tornou-se então no primeiro Presidente de Angola até 1979.

Vencedor do Prémio "Lenine da Paz", em 19751976, Neto fez parte da geração de estudantes africanos que viria a desempenha­r um papel decisivo na independên­cia dos respectivo­s países na chamada Guerra Colonial Portuguesa. Preso pela Polícia Internacio­nal e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia política do regime Salazarist­a então vigente em Portugal, foi deportado para o Tarrafal, em Cabo Verde, sendolhe depois fixada residência em Portugal, de onde fugiu para o exílio.

Quando se fala de Agostinho Neto, a tendência natural da maioria é aterse à actividade intelectua­l e política desenvolvi­da em Portugal, nomeadamen­te a co-fundação da Casa dos Estudantes do Império, a fundação da revista “Movimento”, da colaboraçã­o no grupo “Vamos Descobrir Angola”, que deu origem ao “Movimento dos Jovens Intelectua­is de Angola”, da fundação, após a primeira prisão durante três meses, junto com Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro, do Centro de Estudos Africanos, instituiçã­o que viria a ser fechada pela PIDE em 1951.

Mas, além de poeta e primeiro Presidente da República de Angola, Agostinho Neto destacouse como médico, tanto em Santiago, Cabo Verde, aquando, da sua prisão e desterro no Tarrafal, quanto em Angola. Foi Neto quem, em 1966, criou o Serviço de Assistênci­a Medica afecto ao MPLA, com a finalidade de prestar atendiment­o aos guerrilhei­ros e aos populares, na maioria camponeses, que eram privados desse bem pelo regime colonial.

Infelizmen­te, a poesia, artigos, ensaios e discursos de Agostinho Neto não são motivo de suficiente entendimen­to e reflexão hoje em dia. Embora muito conhecidos, decorados, cantados e repetidos, os seus poemas encontram pelo caminho obstáculos, colocados por muitos que, escudando-se na partidariz­ação dos seus discursos, procuram esconder a sua ignorância ou despreparo intelectua­l.

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