Oposição rejeita coligação
Maior partido da oposição em São Tomé e Príncipe, o MLSTP, desmente informações que davam conta de uma negociação em curso com o actual Governo para a formação de um Governo de base alargada dirigido pela Acção Democrática Independente (ADI) do primeiro-m
O maior partido da oposição em São Tomé e Príncipe, o MLSTP, desmente informações sobre negociações para a formação de um governo de base alargada dirigido pela Acção Democrática Independente (ADI) do primeiro-ministro Patrice Trovoada.
O líder do principal partido da oposição, o MLSTP, disse no fim-de-semana à imprensa que não está a negociar com a formação política que governa São Tomé e Príncipe, a ADI, a possibilidade de constituir um Executivo de base alargada para dirigir o país durante os próximos anos.
“Desminto categoricamente: neste momento não há nenhuma negociação quer oficial, quer oficiosa com o Governo cessante”, garantiu Jorge Bom Jesus em declarações à agência Lusa.
O desmentido surge depois de a meio da semana passada o primeiro-ministro ter dito em Lisboa que estava em contactos oficiosos com as restantes forças para procurar apoios de modo a poder formar um Governo de base alargada.
Na ocasião, Patrice Trovoada disse que “existem algumas pistas que vamos ter de explorar com boa vontade, com cedências de todas as partes. Veremos nos próximos dias para ver se há possibilidade de se avançar”, disse o lider da ADI.
Mas, mesmo que esse acordo não seja possível, o ainda primeiro-ministro diz agora que está disposto a formar um novo Governo, mesmo que seja minoritário e necessite de apoio parlamentar da oposição para poder funcionar.
“Se não houver vontade de ir ao fundo da questão, que é o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, os desafios que nós temos, os constrangimentos internos e externos e as reformas, a ADI irá formar um Governo minoritário e depois no Parlamento iremos continuar a ver se conseguimos, de facto, um entendimento para que esse Governo possa executar o seu programa”, disse Patrice Trovoada.
Descartando a possibilidade de ser ele o “timoneiro” do futuro Governo, Trovoada afirmou que a ADI vai apresentar nos próximos dias o nome do próximo primeiroministro, depois de uma reunião que deverá decorrer no final da semana.
Nas últimas semanas, desde Lisboa, Patrice Trovoada coordenou uma série de contactos que o seu partido efectuava em São Tomé e Príncipe com diversos membros da sociedade civil, congregações religiosas e partidos políticos da oposição para a formação de um Governo de base alargada.
Esses contactos tiveram alguns resultados, mas falharam redondamente no que respeita ao diálogo interpartidário devido ao facto de a oposição nunca ter aceite negociar com outra pessoa que não o próprio Patrice Trovoada.
Trovoada volta ao país
Foi, provavelmente, para ultrapassar essa dificuldade que o primeiro-ministro regressou sábado ao país onde a partir de hoje vai dirigir pessoalmente os esforços de negociação para a busca de uma eventual base alargada que permita a formação de um Governo.
Para facilitar um entendimento, Patrice Trovoada diz que está disposto a abdicar de chefiar o próximo Executivo, considerando que a sua presença poderia aumentar ainda mais a preocupação das forças da oposição.Trovoada considera que as reformas que o seu Governo vinha implementando eram um “imperativo nacional”, mas é da opinião que foram aproveitadas pela oposição para evitar que a ADI obtivesse uma maioria nas recentes eleições.
Patrice Trovoada não abre mão daquilo que diz ser “o privilégio constitucional” de ser líder do partido mais votado nas eleições, considerando que lhe compete apresentar uma solução de Governo.
Nas recentes eleições de 7 de Outubro a ADI, partido no poder, venceu as eleições legislativas com uma maioria simples (25 em 55 deputados na Assembleia Nacional), enquanto o MLSTP conquistou 23 mandatos e a coligação cinco, lugares tendo estas duas forças reclamado a maioria absoluta e anunciado um acordo pós-eleitoral de incidência parlamentar e com fins governativos.
Foram ainda eleitos dois deputados independentes pelo distrito de Caué.