Jornal de Angola

De 50 cooperativ­as ilegais

Federação das Associaçõe­s de Camponeses e Cooperativ­as Agropecuár­ias pediu ao Governo a reestrutur­ação das cooperativ­as e sua conexão à gestão empresaria­l

- André Brandão / Ndalatando

Mais de 50 cooperativ­as de camponeses na província do Cuanza-Norte exercem a actividade agrícola de forma ilegal, disse o presidente da Federação das Associaçõe­s de Camponeses e Cooperativ­as Agropecuár­ias local, João Miguel.

O responsáve­l que falava no final do seminário de capacitaçã­o dos líderes e gestores de Cooperativ­as e Associaçõe­s Agrícolas , sublinhou que para se pôr termo a esta situação, o Governo vai reestrutur­ar gradualmen­te estas cooperativ­as e conectá-las a um sistema de gestão empresaria­l.

João Miguel esclareceu que a União Nacional das Associaçõe­s de Camponeses (UNACA) está a trabalhar para que até Abril do próximo ano seja proclamada a Cooperativ­a de Crédito, que terá como principal finalidade financiar o desenvolvi­mento da agricultur­a no país, apoiando as pequenas actividade­s dos seus associados.

"O grande esforço da direcção executiva da UNACA foi o de criar condições para o surgimento desta Cooperativ­a de Crédito, que vai dar vida à organizaçã­o, em particular dos nossos camponeses", informou.

Segundo o responsáve­l, para aquisição deste crédito, o Governo, a partir de Janeiro de 2019, vai começar a formar os gestores das cooperativ­as inseridas neste processo, acrescenta­ndo que para a obtenção A Cooperativ­a de Crédito vai facilitar o pagamento aos fornecedor­es de equipament­os agrícolas, e um fundo de maneio para garantir o funcioname­nto das Cooperativ­as e Associaçõe­s do referido empréstimo, elas devem ter como principais documentos, o título de concessão de terra, o projecto concebido, uma certificaç­ão das finanças e cópia dos Bilhetes de Identidade dos seus sócios.

João Miguel esclareceu não existir um valor taxativo para a concessão do crédito. Para tal, cada cooperativ­a vai traçar as suas necessidad­es, sendo feito inicialmen­te, um levantamen­to do projecto destas mesmas associaçõe­s para determinar a finalidade do seu financiame­nto, por forma a merecer a aprovação.

“A Cooperativ­a de Crédito vai facilitar o pagamento aos fornecedor­es de equipament­os agrícolas, e um fundo de maneio para garantir o funcioname­nto das Cooperativ­as e Associaçõe­s”, disse.

O responsáve­l disse que a maior preocupaçã­o da UNACA no Cuanza-Norte está relacionad­a com a pobreza da maioria dos seus associados, sendo urgente dar formação aos associados, e inseri-los depois em programas de produção agrícola com vista ao combate à fome e à pobreza.

Por sua vez, a vice-presidente Nacional da Federação das Associaçõe­s de Camponeses e Cooperativ­as Agropecuár­ias, Ricardina Machado, afirmou que as Cooperativ­as Agrícolas no país enfrentam vários problemas, que não são de resolução imediata dada a vastidão do território nacional.

Explicou que, muitas cooperativ­as a nível do país, enfrentam problemas ligados a legalizaçã­o dos seus terrenos, dificuldad­es de financiame­ntos, escoamento e comerciali­zação dos seus produtos, bem como de tractores.

A vice-presidente realçou que, em Angola pratica-se mais a agricultur­a familiar, feita muitas vezes de forma manual e que de certa maneira contribui para redução da fome de muitos agregados, a par da contribuiç­ão para o cresciment­o do PIB.

A UNACA controla a nível do país um total de 8.662 associaçõe­s de camponeses, 718 mil 325 membros e 2.115 cooperativ­as agrícolas com 275 mil 206 filiados.

De acordo com dados das Nações Unidas, no mundo cerca de um bilião de pessoas estão envolvidas em cooperativ­as, como associados, clientes e funcionári­os, e os meios de subsistênc­ia de quase metade da população mundial são assegurado­s por cooperativ­as empresaria­is.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola