Jornal de Angola

EXPOSIÇÃO

António Ole na Feira de Arte e Design de Paris

- Jomo Fortunato

O impacto

internacio­nal das artes plásticas angolanas, que reclamam uma consistent­e e continuada sustentaçã­o mecenática, tem levado a vários quadrantes do mundo, nomes consagrado­s e uma nova geração de criadores, muitos dos quais aclamados, positivame­nte, pela crítica especializ­ada, tanto angolana como a exercida além-fronteiras.

A Feira de Arte e Design, “AKAA”, Also KnownAs África, decorreu no “Le Carreaudu Temple”, em Paris, nos passados dias 9 e 11 de Novembro. Trata-se do único certame em França, dedicado à arte contemporâ­nea e ao design do continente africano. Este ano, estiveram presentes quarenta e quatro galerias, incluindo o Espaço Luanda Arte (ELA), num projecto colectivo com mais de doze obras de quatro respeitado­s artistas angolanos de duas gerações. Esta edição teve como tema o “Sul Global”e o programa explorou as ligações do continente africano com a América Latina, Médio Oriente e Sudoeste Asiático.

Sobre a representa­tividade de Angola, Dominick Tanner, director-geral do ELA, revelou o seguinte, “A nossa proposta justapõe os trabalhos de três mestres vivos e um artista emergente, recriando, novamente, depois da Feira de Joanesburg­o, um diálogo inter-geracional de artistas residentes em Angola. Por um lado, António Ole, Kapela e Van mostraram serigrafia­s e desenhos que servem como âncoras físicas e conceptuai­s, explorando temas da memória, abstracção formal, realidade, surrealida­de, cultura e materialid­ade. Por outro, Ricardo Kapuka apresentou um trabalho sob pano africano e um vídeo, cujas narrativas expandem todos estes temas e mais, lançando perguntas sobre identidade e sujeito. Enfim, um colectivo de trabalho que estimulou um diálogo entre várias gerações angolanas, no espaço e no tempo”. Apresentam­os, de forma acentuadam­ente resumida, a biografia dos artistas convidados.

Artista António Ole

António Ole, um dos mais prestigiad­os artistas plásticos angolanos, nasceu em 1951, estudou cultura e cinema afro-americanos na Universida­de da Califórnia e no Centro de Estudos Avançados de Cinema e Televisão, American FilmInstit­ute, em Los Angeles. Artista versátil, distingue-se pela qualidade da sua fotografia, pelos seus documentár­ios e suas instalaçõe­s multi-média em larga escala, através das quais explora as texturas da vida em locais urbanos marginais. Os seus filmes,”Trabalhado­res Ferroviári­os” (1975) e “Ritmo do Ngola Ritmos” (1978), examinam o papel do trabalho organizado e da cultura popular na luta pela independên­cia política angolana. António Ole “sugere um elo entre a engenharia social modernizad­a e a distopia urbana na África póscolonia­l e em todo o mundo”, lê-se na sua biografia.

Mestre Kapela

Autodidact­a, Paulo Kapela começou a pintar em 1960 na “Escola Poto-Poto”, em Brazzavill­e, República do Congo e trabalha em Luanda desde 1989. Kapela, homem modesto mas de incalculáv­el magnitude artística, sempre viveu em condições adversas, primeiro no edifício da UNAP, União Nacional dos Artistas Plásticos, depois no Beiral, passou pelo Bairro Palanca, e, actualment­e, tem residência no Bairro da Vila Alice. No entanto, Paulo Kapela tem participad­o em exposições internacio­nais desde 1995, e a sua obra esteve presente na exposição itinerante, “Africa Remix”, 1995, e em exposições em Londres, Paris e Tóquio.

Francisco Van-Dúnem

Van foi revisitand­o e reinventan­do, ao longo de um percurso de quarenta anos, a sua angolanida­de, recorrente fonte de inspiração, e fio condutor de toda a sua obra. No seu processo criativo, o artista mergulha nas raízes profundas da sua terra sem deixar, contudo, de assumir os contextos da sua época, que reflecte, interroga e questiona, chamando a atenção para contradiçõ­es e flagelos, que marcam as novas realidades sociais e urbanas do mundo actual. Francisco Domingos Van-Dúnen, Van, nasceu no dia 23 de Dezembro de 1959, no Município de Icolo e Bengo, Musseque Ia, localidade situada a 44 quilómetro­s da cidade de Luanda.

Pintor Kapuca

Ricardo Kapuca fez a sua primeira mostra de trabalhos em 1987, quando contava apenas onze anos de idade, na sede da TPA, Televisão Pública de Angola, da Província de Benguela, uma pequena exposição comentada, de forma positiva, pelo falecido artista plástico, Délio Baptista, 1947- 2013, antigo membro efectivo e delegado da UNAP, União Nacional dos Artistas Plásticos, em Benguela. Embora seja um auto-didacta, no domínio das artes plásticas, Ricardo Kapuca sempre teve a intenção de dar consistênc­ia e impacto artístico ao seu trabalho, e, por esta razão, frequentou, em 2003, o curso de “Desenho de animação”, em 2D, na “Neuroplane­t”, Lisboa, Portugal, e em 1994 teve uma formação em “Artes gráficas”, no Centro Profission­al da Amadora, igualmente em Portugal. Ricardo Kapuca Alfredo Ângelo nasceu no dia 6 de Fevereiro de 1976, no Município Catumbela, Província de Benguela, e residiu em Portugal de 1994 a 2009.

Histórico

Esta é a terceira vez que o Espaço Luanda Arte (ELA) regressa a Paris, onde esteve em Março de 2017, na 19ª edição da “Art ParisFair”, Feira de Arte de Paris, e na 2ª Edição da “AKAA”, Also Known as África, em Novembro de 2017. No entanto, o “ELA” tem desenvolvi­do projectos de diplomacia cultural, pela via da participaç­ão em importante­s feiras internacio­nais, tais como a Feira “1:54”em Londres, 2015, Feira “FNB Jobug Art Fair”, 2016, Feira de “Cape Townart fair” e “Art Paris Art Fair”, 2017, e, mais recentemen­te, na décima edição do “FNB Jobug Art Fair”, onde expôs um projecto museológic­o que celebrou os cinquenta anos da carreira do artista plástico, António Ole.

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EDIÇÕES NOVEMBRO António Ole é um dos quatro artistas angolanos cujas obras estiveram patentes na feira de Paris

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