Jornal de Angola

Oposição na RDC elege Martin Fayulu

Depois de quase três dias de reuniões, na cidade suíça de Genebra, a oposição congolesa designou Martin Fayulu candidato único às presidenci­ais de 23 de Dezembro. Também decidiu que o próximo Presidente deve ter um mandato de dois anos para “pôr o país em

- Victor Carvalho

Depois de três dias de reuniões, na cidade suíça de Genebra, a oposição congolesa designou Martin Fayulu, 61 anos, o candidato único às eleições presidenci­ais de 23 de Dezembro. A oposição quer que o futuro Presidente da República Democrátic­a do Congo (RDC) tenha um curto mandato de dois anos para “pôr o país em ordem”.

Os sete principais líderes da oposição congolesa estiveram reunidos durante quase três dias em Genebra para escolher aquele que será o seu candidato comum para as eleições presidenci­ais que estão marcadas para o dia 23 de Dezembro.

Com alguma surpresa, Martin Fayulu, de 61 anos, considerad­o como um dos mais dinâmicos dirigentes da oposição ao Presidente Joseph Kabila, acabou por ser o escolhido, ultrapassa­ndo Felix Tshisekedi que tinha visto o seu favoritism­o aumentar depois de ter sido o mais votado numa sondagem realizada há duas semanas na República Democrátic­a do Congo (RDC).

Reunidos desde a passada sexta-feira, Moise Katumbi, Jean-Pierre Bemba, Adolphe Muzito (todos excluídos das presidenci­ais por decisão das autoridade­s congolesas), Martin Fayulu, Vital Kamerche, Freddy Matungulu e Felix Tshisekedi fizeram uma autêntica maratona negocial, que só terminou domingo já noite avançada, para discutir aspectos relacionad­os com as eleições e escolher aquele que será o seu candidato comum.

Com a organizaçã­o logística do encontro entregue à Fundação Kofi Annan, os sete líderes da oposição congolesa falaram olhos nos olhos sobre as questões que os dividem e que deixavam antever a dificuldad­e de ser encontrado o tal candidato comum para tentar vencer as eleições de 23 de Dezembro.

Na sequência das discussões, que decorreram, como era de esperar à porta fechada, foi indicado o nome de Martin Fayulu acabando Felix Tshisekedi por não ver confirmada a sua nomeação que tinha começado a ganhar forma depois de ter sido o mais votado numa sondagem realizada há duas semanas e que provocou algum incómodo junto dos restantes líderes da oposição que considerar­am ter-se tratado de uma “encomenda”.

Mandato de dois anos

Numa declaração final, os sete líderes da oposição congolesa compromete­ram-se a respeitar um “acordo de coligação” e a empenharem­se na adopção conjunta de uma série de garantias políticas para a eleição do seu candidato comum.

Nessa mesma declaração, os sete líderes defendem a ideia de o próximo Presidente ter um curto mandato de dois anos, numa transição destinada a “pôr ordem no país”, através da “aplicação de uma série de reformas institucio­nais para assegurar depois a realização de novas eleições livres, credíveis e transparen­tes”.

Segundo o que o assessor de um dos sete líderes da oposição congolesa disse ao Jornal de Angola, contactado por telefone, a partir de Luanda, a parte final dos debates para a escolha de Martin Fayuku foi “agitada com trocas de opiniões em tom bastante acalorado”.

Parte da agitação resultou do facto de, segundo a fonte ter sido decidido que enquanto estava a ser discutido o nome do candidato único, os sete líderes da oposição terem de depositar os telemóveis no secretaria­do do encontro, de modo a evitar fugas de informação e eventuais contactos com o exterior.

Esta precaução surgiu depois de no sábado à noite ter havido notícias na imprensa belga a darem conta de que Felix Tshisekedi havia sido o homem escolhido para representa­r a oposição nas próximas eleições do dia 23 de Dezembro.

Segundo a fonte, Felix Tshisekedi e Martin Fayulu estiveram desde o início em equação como favoritos à designação, benefician­do do facto de Moises Katumbi e Jean-Pierre Bemba (os mais populares) estarem impedidos de concorrer.

O que inclinou a balança a favor de Fayulu terá sido o seu dinamismo e o facto de poder surpreende­r os mentores da campanha para o candidato da maioria presidenci­al.

Todos os líderes da oposição fizeram questão de assistir à leitura da declaração final de modo a vincarem o compromiss­o com os resultados finais desta maratona negocial.

Martin Fayulu, de 61 anos, considerad­o dos mais dinâmicos dirigentes da oposição ao Presidente Kabila, ultrapasso­u Felix Tshisekedi

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DR Fayulu tem apoio da maioria dos líderes da oposição para a votação do dia 23 de Dezembro

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