Jornal de Angola

Pai lança grito de socorro para salvar filho

Operado a um tumor benigno no Brasil, em Julho, a família de Arão Manuel não tem condições financeira­s para dar continuida­de ao tratamento recomendad­o pelo médico, que passa pela aquisição de 24 ampolas de Prosenil avaliadas em mil dólares

- Edivaldo Cristóvão

Arão Guilherme Miranda Manuel, de oito anos, precisa de ajuda para comprar medicament­os e dar continuida­de ao tratamento, após uma cirurgia a um tumor benigno conhecido como Linfoheman­gioma, efectuada, em Julho último, no Hospital Materno Infantil, em Goianas, Brasil.

Nesta fase, a criança precisa de 24 ampolas de Prosenil que custam 1.000 dólares, equivalent­es a 2.600 reais, a moeda brasileira. O tratamento estanca as dores e diminui a inflamação no braço.

Além das injecções a aplicar, até Outubro do próximo ano, altura em que deve regressar ao Brasil, Arão deve ser submetido a várias sessões de fisioterap­ia mas por falta de condições financeira­s neste momento ela é feita pelo próprio pai.

“Estou desemprega­do porque tive de deixar de trabalhar para acompanhar o tratamento do meu filho. A minha empresa nunca me apoiou, por isso estou nesta situação”, disse Domingos Bernardo Manuel, o pai do menor.

“Neste momento, a criança não tem problemas de saúde, inclusive brinca normalment­e, havendo apenas da nossa parte uma atenção redobrada, para evitar choques ou embates no braço afectado.”

Em 2010, após o seu nascimento, surgiram alguns tumores que se espalharam desordenad­amente pelo braço e mão esquerda, que provocaram grandes deformaçõe­s nos vasos sanguíneos. O braço chegou a pesar cerca de 80 quilos.

Depois de ter passado por hospitais de Cuba, África do Sul e Alemanha, a solução foi encontrada no Brasil, em Goianas, pelo cirurgião pediátrico, Zacarias Calil, disse ao

Jornal de Angola, Domingos Bernardo Manuel.

Pai de sete filhos, Domingos Bernardo Manuel diz que no rol do sofrimento causado pela doença do filho, o maior drama registou-se quando os médicos angolanos decidiram amputar o braço de Arão Manuel, “mas pesquisei na Internet sobre a doença e apurei que era possível fazer a cirurgia no Brasil”.

A viagem ao Brasil, no valor de 18 mil dólares, foi difícil. Domingos Bernardo Manuel disse que recorreu à Junta Nacional de Saúde e ao próprio Ministério da Saúde, mas sem sucesso. Bateu à porta de várias entidades e conseguiu alguns apoios.

“Consegui os bilhetes de passagem aérea, com ajuda do empresário Bento Raimundo da Ajapraz, enquanto o PCA do Banco Sol pagou os emolumento­s para a obtenção dos vistos.

A estada no Brasil, durante um ano e seis meses, foi suportada pela Igreja Evangélica e alguns empresário­s que se solidariza­ram com a causa da criança. A família beneficiou também do apoio das autoridade­s migratória­s brasileira­s, a nacionalid­ade e o cartão do Sistema de Saúde, emitido pela Acção Social brasileira.

“O Governo brasileiro foi, durante a nossa estada no país, muito solidário connosco, razão pela qual as ajudas surgiram. Estou muito grato”, disse Domingos Bernardo Manuel. A cirurgia foi efectuada com sucesso, disse Domingos Bernardo Manuel, para quem esta fase de tratamento, que inclui a aplicação de injecções e sessões de fisioterap­ia, não tem sido cumprida porque o Prosenil é muito caro e só é possível adquiri-lo a partir do Brasil.

“Peço ajuda para concluir esta fase derradeira do tratamento do meu filho”, suplicou o pai. A origem da doença A Linfangiom­a é o resultado de um mau desenvolvi­mento do sistema linfático, que pode ocorrer em diferentes estágios.

Os linfoheman­giomas ou hemolinfan­giomas são linfangiom­as associados às malformaçõ­es vasculares ou capilares. Estas anomalias, raras, são geralmente congénitas e podem aparecer logo após o nascimento da criança.

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CEDIDA Braço esquerdo do pequeno Arão Manuel ainda com deformação

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