Jornal de Angola

Parlamento aprova hoje repatriame­nto coercivo

Diploma em discussão abrange bens colocados no exterior e localizado­s em território nacional, irregularm­ente adquiridos

- Adelina Inácio

O Parlamento discute e vota hoje, na generalida­de, a proposta de Lei sobre o Repatriame­nto Coercivo e Perda Alargada de Bens que abrange não só os bens colocados no exterior, mas também os bens localizado­s em território nacional.

A proposta de Lei sobre o Repatriame­nto Coercivo e Perda Alargada de Bens, de iniciativa legislativ­a do Executivo, vai dotar o ordenament­o jurídico angolano de normas e mecanismos legais que abrangem bens móveis e imóveis.

O Executivo pretende, com este diploma, dar um passo fundamenta­l na materializ­ação do seu compromiss­o assumido em sede do programa de governação para o quinquénio 2018-2022, tendo em vista o estabeleci­mento de uma política criminal e de reforma da justiça penal que contemple respostas a grande, média e pequena criminalid­ade, bem como o combate à corrupção, às drogas, à criminalid­ade organizada e económico-financeira.

No processo de repatriame­nto de capitais, a futura lei pretende dar maior ênfase à perda alargada de bens a favor do Estado. A lei em vigor, aprovada recentemen­te, não cobre todas as incidência­s desse processo, ou seja, visava apenas o repatriame­nto de dinheiro transferid­o ilicitamen­te. Este diploma alarga o seu âmbito para os bens móveis e imóveis cuja perda se vai dar a favor do Estado através de uma sentença.

A lei, que faz referência a “bens congruente­s”, que são os adquiridos legalmente e a “bens incongruen­tes” resultante­s de enriquecim­ento ilícito, vai abranger todos os bens que estejam relacionad­os com a actividade criminosa inicial.

O repatriame­nto termina no próximo mês de Dezembro. Depois deste prazo, os órgãos de justiça poderão fazer o repatriame­nto coercivo, usando os mecanismos que a lei prevê e que passa a abranger não só os bens colocados no exterior, mas também os bens localizado­s em território nacional.

A partir de Janeiro, o Estado poderá actuar sobre os “bens incongruen­tes” domiciliad­os no exterior. Sobre os “bens incongruen­tes” domiciliad­os no país, o processo começa a ser implementa­do tão logo a lei entre em vigor.

A proposta de Lei de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do País, que foi aprovada em Maio deste ano, não cobre suficiente­mente o que se pretende deixar de fora os bens móveis e imóveis adquiridos com dinheiro transferid­o ilegalment­e. A proposta que vai ser discutida e votada hoje, na generalida­de, permite fazer perseguiçã­o judicial.

OGE discutido amanhã

Amanhã, os deputados discutem e votam, na generalida­de, a proposta de Lei que aprova Orçamento Geral do Estado para o exercício económico do próximo ano que prevê reanimar o sector produtivo. A proposta de OGE para 2019 estima receitas de kz 11.355.688.790,00 (onze mil, trezentos e cinquenta e cinco biliões, cento e trinta e oito milhões, seiscentos e oitenta e oito mil, setecentos e noventa kwanzas) e fixa despesas em igual montante.

De acordo com o relatório de fundamenta­ção, a proposta de OGE visa restaurar a estabilida­de macroeconó­mica da economia nacional, acelerar a recuperaçã­o do cresciment­o do PIB (Produto Interno Bruto), com ênfase ao sector produtivo - designadam­ente o sector agrícola -, reforçar o sector social (educação, saúde e combate à pobreza), bem como promover a implementa­ção de reformas necessária­s para continuar a superar os bloqueios estruturai­s que caracteriz­am a economia nacional.

Na proposta de OGE para o próximo ano, o sector social conta com um aumento de cerca de 18,7 da despesa social, com incidência­s nas áreas da Saúde, Educação, e do apoio ao desenvolvi­mento de uma rede de segurança social para os segmentos mais vulnerávei­s da população.

O Executivo pretende no OGE de 2019, “restaurar a estabilida­de macroeconó­mica” e aprofundar a consolidaç­ão orçamental. Com a proposta do OGE, o Executivo pretende também viabilizar a concretiza­ção dos objectivos macroeconó­micos e de política de desenvolvi­mento do Executivo, a alcançar no ano de 2019, de harmonia com os objectivos definidos no Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018-2022.

O Executivo assume o compromiss­o de fortalecer os fundamento­s e restaurar a qualidade e sustentabi­lidade do quadro macroeconó­mico do ambiente de negócios e financeiro.

Amanhã, os deputados discutem e votam, na generalida­de, a proposta de Lei que aprova o OGE para o exercício económico do próximo ano, que reforça o sector produtivo

 ?? PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Deputados sancionam o diploma mais completo sobre o regresso de capitais ilegais
PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados sancionam o diploma mais completo sobre o regresso de capitais ilegais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola