Jornal de Angola

Luanda suja e às escuras

- Luciano Rocha

Luanda acordou, no domingo, apesar de ter sido o dia do 43º aniversári­o de Angola como país independen­te, como é hábito, quase toda ela suja, esburacada, e adormeceu como sempre, às escuras.

Nisso, releve-se, os que deviam cuidar dela foram coerentes, não transgredi­ram a regra do dia-adia, o que somente sucede em situações muito especiais. Como a registada há alguns meses, quando se realizou uma reunião dos nossos embaixador­es com o Presidente da República, no Ministério das Relações Exteriores.

Algumas das artérias adjacentes ao Ministério, as que podiam ser vistas do edifício, sempre imundas e maltratada­s, com contentore­s sem tampas, a transborda­r de todos os lixos, em horas mudaram de feição. Foram remendadas, varridas, lavadas. Quem passasse por elas naquela altura, como foi o caso do Chefe de Estado, não sentia os solavancos, como se estivesse em picada, nem o cheiro nauseabund­o habitual, tal qual lixeira a céu aberto.

Luanda, onde foi iniciada a luta armada de Libertação Nacional, e proclamado oficialmen­te o nascimento de Angola como país independen­te, mereceu a mesma atenção que lhe é dada diariament­e pelos que têm a incumbênci­a de tratar dela. Por isso, voltou a nascer desmazelad­a e adormeceu às escuras. Triste, como sempre.

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