Luanda suja e às escuras
Luanda acordou, no domingo, apesar de ter sido o dia do 43º aniversário de Angola como país independente, como é hábito, quase toda ela suja, esburacada, e adormeceu como sempre, às escuras.
Nisso, releve-se, os que deviam cuidar dela foram coerentes, não transgrediram a regra do dia-adia, o que somente sucede em situações muito especiais. Como a registada há alguns meses, quando se realizou uma reunião dos nossos embaixadores com o Presidente da República, no Ministério das Relações Exteriores.
Algumas das artérias adjacentes ao Ministério, as que podiam ser vistas do edifício, sempre imundas e maltratadas, com contentores sem tampas, a transbordar de todos os lixos, em horas mudaram de feição. Foram remendadas, varridas, lavadas. Quem passasse por elas naquela altura, como foi o caso do Chefe de Estado, não sentia os solavancos, como se estivesse em picada, nem o cheiro nauseabundo habitual, tal qual lixeira a céu aberto.
Luanda, onde foi iniciada a luta armada de Libertação Nacional, e proclamado oficialmente o nascimento de Angola como país independente, mereceu a mesma atenção que lhe é dada diariamente pelos que têm a incumbência de tratar dela. Por isso, voltou a nascer desmazelada e adormeceu às escuras. Triste, como sempre.