Saúde abre inquérito para apurar culpados
TRANSFUSÃO DE SANGUE CONTAMINADO
O Ministério da Saúde assumiu ontem total responsabilidade no caso da menor de sete anos que pode ter recebido uma transfusão de sangue contaminado com vírus de VIH no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda. O departamento ministerial mandou, também, instaurar um inquérito para apurar responsabilidades. Em conferência de imprensa, o secretário de Estado para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, garantiu ontem que o Ministério da Saúde está a fazer tudo para que a menor não contraia a doença, admitindo o recurso a tratamento no exterior do país.
O Ministério da Saúde garantiu ontem, em Luanda, que o quadro clínico da criança que sofreu uma transfusão de sangue infectado com o Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH), no Hospital Pediátrico David Bernardino é estável e assegurou a continuidade do seu tratamento no exterior, cujo país não revelou.
O secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, prestou esta informação durante uma conferência de imprensa, na presença do secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoloneke.
Leonardo Inocêncio disse que a menina e a família estão a receber apoio psicológico de especialistas do Instituto Nacional de Luta contra a Sida (INLS), Instituto Nacional de Sangue, assistentes sociais, médicos do Josina Machel, do Hospital Pediátrico David Bernardino e de outros actores sociais.
O Ministério da Saúde, segundo o responsável, admitiu que “houve erro humano” durante o processo de transfusão de sangue, e esclareceu que existem mais de 90 por cento de probabilidades de a criança não estar infectada com o vírus.
“Neste momento ninguém está em condições de afirmar que a criança é seropositiva, porque foram feitos exames que contrariam essa hipótese”, disse o médico.
Está a ser feito um tratamento no Hospital Pediátrico, conhecido como “Dot”, uma terapêutica feita em várias partes do mundo”, disse o secretário de Estado da Saúde.
O responsável lamentou o ocorrido e anunciou que o Ministério da Saúde desencadeou medidas para que o tratamento tenha sequência fora do país, quando a documentação da mãe e da paciente estiverem prontas para a sua evacuação, o que deve acontecer o mais rápido possível.
Leonardo Inocêncio frisou que as autoridades sanitárias não prestaram à comunicação social informações precisas sobre o incidente médico, por se tratar de uma pandemia com elevada carga de estigmatização, por parte da sociedade, e por se tratar de uma criança, cabia à família fazê-lo.
O governante deu a conhecer que a equipa envolvida no processo de transfusão naquele fatídico dia foi afastada, por uma medida cautelar, para facilitar o trabalho da comissão de inquérito, realçando que todos estão sujeitos de serem responsabilizados. “Foi instaurado um inquérito junto da PGR para melhor esclarecimento”.
O secretário de Estado esclareceu que a transfusão errada aconteceu no dia 17 de Outubro, no Hospital Pediátrico David Bernardino, cujo dador era portador de VIH. Face a essa situação, a direcção da unidade hospitalar comunicou a ocorrência ao Ministério da Saúde.
Depois foram efectuados os procedimentos seguindo as recomendações internacionais, que estabelece, que antes de 72 horas de exposição, deve-se começar com o tratamento profiláctico, o mesmo aplicado às mulheres gestantes e infectadas com VIH, baseada numa terapêutica anti-retroviral, para evitar que a criança seja infectada.
Procedimentos no Banco de Sangue
A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que durante o processo de transfusão de sangue, não se deve fazer triagem à porta do Banco de Sangue, por ser uma medida que desincentiva os voluntários.
“A cartilha para ser dador de sangue define que o voluntário deve pesar mais de 70 quilos, ter boa hemoglobina, não ter febres ou perdido noite um dia antes”, esclareceu.
Leonardo Inocêncio disse que na hemoterapia, normalmente é feita a colheita na totalidade para posteriormente se fazer a tiragem do sangue. Presume que “alguma coisa aconteceu durante o processo de separação do produto adequado para ser utilizado”.