Jornal de Angola

Regime previdenci­al viola direitos laborais

- Gabriel Bunga

A Associação de Juristas de Trabalho de Angola (Ajutra), a UNTA e a Confederaç­ão dos Empresário­s de Angola (CEA) consideram que o novo regime de contribuiç­ão e vinculação da segurança social, aprovado pelo Decreto Presidenci­al nº 228/18, de 27 de Setembro, “viola gravemente os direitos dos trabalhado­res e das empresas.”

A posição foi manifestad­a numa mesa-redonda, realizada ontem no Palácio da Justiça, que serviu para analisar o Decreto Presidenci­al que regulament­a o novo regime de contribuiç­ão e vinculação da segurança social.

O presidente da Ajutra, António Yanick Aragão, disse que o novo Decreto Presidenci­al contém várias contradiçõ­es em relação à Lei Geral de Trabalho e ao Código Geral Tributário.

O jurista trabalhist­a disse que o novo diploma refere que as contribuiç­ões feitas para a segurança social abrangem, agora, os subsídios de Natal, férias e de viagem, quando antes eram apenas descontado­s três por cento aos trabalhado­res e oito ao empregador. O novo Decreto Presidenci­al tributa o trabalhado­r nos subsídios e não apenas na remuneraçã­o, contrarian­do o estabeleci­do na Lei Geral de Trabalho. António Aragão esclareceu que do ponto de vista sancionató­rio, o novo diploma contraria o que está estabeleci­do no Código Geral Tributário.

O novo Decreto Presidenci­al estabelece uma tributação em que considera as empresas como sendo todas iguais, não as diferencia­ndo em pequenas, médias e grandes, tal como o Código Geral Tributário. O também advogado disse que a mesa redonda serviu para recolher mais contribuiç­ões das organizaçõ­es sindicais e empresaria­is para remeter ao Executivo, antes que o referido diploma entre em vigor.

O presidente da Ajutra defendeu a revisão, “com urgência”, da Lei Geral do Trabalho para se garantir melhor os direitos dos trabalhado­res. A vice-presidente da Confederaç­ão Empresaria­l de Angola, Filomena Oliveira, criticou a forma como o Executivo legisla determinad­as matérias sem antes consultar as pessoas visadas. A empresária disse que o Executivo devia fazer mais concertaçã­o com a sociedade civil.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Juristas analisaram o diploma legal sobre o novo regime

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