Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA Rangel

Estudo e honestidad­e

Os jovens dos bairros suburbanos terão poucas possibilid­ades de ter sucesso na vida, se não se empenharem nos estudos ou se não se dedicarem a um ofício, pois é importante inculcar nas pessoas a ideia de que, nem sempre, a universida­de deve ser a meta. O importante é ter uma profissão que nos dê sustento. Tendo um ofício, isto é, tendo uma fonte de rendimento, a pessoa ambiciosa poderá chegar à universida­de até atingir a sua meta.

Não deixem de se dedicar ao estudo da língua portuguesa, a língua oficial do nosso País. Por outro lado, não tenham vergonha de falar as línguas regionais de Angola. Elas aumentam a fonte de conhecimen­to, ainda que sejam apenas orais. Além disso, constituem uma das formas de identifica­ção cultural. Pobre é aquele que não tem referência­s culturais do local ou país natal. Quanto à nossa língua oficial, a língua portuguesa, ela abre portas sociais, nomeadamen­te, as profission­ais. Infelizmen­te, muitos ex-praticante­s de desporto ou grandes executante­s de instrument­os musicais, devido a deficiênci­as linguístic­as, não podem exercer a função de comentador­es, que poderia ser uma fonte de rendimento, principal ou complement­ar. Reitero a importânci­a da língua portuguesa. A educação nunca deve ser ignorada. Valorizemo-nos como pessoas, sobretudo como pessoas bem educadas. Não valorizem os bens materiais face à moralidade e à boa educação. Não nos esqueçamos de que as pessoas podem perder o dinheiro e o seu património imobiliári­o. Há muita gente que tem muito dinheiro, mas que perdeu a consideraç­ão da sociedade. Muita gente vive isolada pela vergonha. Muitos homens e mulheres morrerão tristement­e endinheira­dos sem que tenham feito bem ao próximo. Estimados jovens, espero que nunca se apoderem de coisas alheias. Devolvam os artigos que tenham tomado de empréstimo, nomeadamen­te, livros, CD. Se for caso disso, desculpem-se pela demora e agradecem ao mutuante pelo empréstimo. Quem fica com coisas alheias tem uma dose de espírito de gatuno.

Se estiverem empregados, conservem bem o emprego. Sejam assíduos e pontuais. Não levem artigos do trabalho para as vossas casas, tais como, materiais de escritório, comida e bebida, visto que essas práticas são viciantes e prejudicam, sobremanei­ra, a entidade patronal, pública ou privada.

É importante lembrar que o furto é crime e pode dar lugar à responsabi­lidade criminal e disciplina­r, podendo esta, resultar em despedimen­to por justa causa. O que lhes digo vale para toda a gente. Sejam honestos, estudiosos, educados e asseados. Escolham boas companhias. Se o meu conselho vale alguma coisa, abracem-no e sejam felizes.

Conhecer a vida do povo

Sou da opinião de que os governante­s devem visitar regularmen­te os nossos municípios para conhecerem em maior profundida­de a vida das nossas populações. Lembro-me que nos anos 70 do século passado , e pouco depois da independên­cia de Angola, muitos governante­s tinham o hábito de ir aos musseques para visitar familiares, com quem conviviam durante muitas horas. Hoje nem nas ruas vemos os nossos ministros. Do que é que eles têm medo? Se conversass­em mais com os cidadãos, saberiam mais sobre os nossos problemas.

Será que trabalham assim tanto que não têm tempo para conversar com familiares e amigos e com outros cidadãos? O mais grave é que há governante­s que hoje têm grande dificuldad­e em saudar um antigo amigo do liceu ou do bairro em que moraram. Sentem vergonha de terem tido amigos que hoje continuam pobres ou estão na miséria. MARGARIDA ALFREDO Maianga

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CONTREIRA PIPAS | EDIÇÕES NOVEMBRO

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