Jornal de Angola

Tshisekedi e Kamerhe assinaram compromiss­o para sair da política

Para explicar o que se passou em Genebra durante os três dias de reunião na qual os sete principais líderes da oposição congolesa escolheram um candidato às eleições de 23 de Dezembro, a Fundação Kofi Annan, facilitado­ra do encontro, publicou o documento

- Victor Carvalho

A Fundação Kofi Annan, facilitado­ra do encontro de Genebra, que reuniu durante três dias os sete principais líderes da oposição congolesa para encontrare­m um candidato comum para as eleições presidenci­ais de 23 de Dezembro, acaba de divulgar o acordo assinado e que compromete as posições assumidas recentemen­te por Félix Tshisekedi e Vital Kamerhe de denunciare­m o acordo que tinham assinado.

No documento, os sete líderes da oposição, entre os quais Tshisekedi e Kamerhe, compromete­ram-se individual­mente a abandonar a política caso decidissem não respeitar o acordo então obtido para apoiar o candidato comum designado, neste caso Paul Fayulu.

“No interesse da transparên­cia e depois de termos tomado conhecimen­to de que dois dos signatário­s do acordo obtido em Genebra resolveram denunciá-lo, julgamos por bem divulgar a verdade do que se passou”, pode ler-se na conta que a Fundação Kofi Annan tem no Twitter e na qual divulgou o documento.

No essencial, o que interessa ao caso é que os sete principais líderes da oposição se compromete­ram, individual­mente, a “respeitar escrupulos­amente” as disposiçõe­s do “acordo de coligação de Genebra”, redigido em francês e em lingala.

No mesmo documento, eles também se compromete­ram a “não trair o povo congolês violando as disposiçõe­s do acordo”. Mais à frente, os sete signatário­s do documento referem, também individual­mente: “Se eu não respeitar estes compromiss­os colocarei fim à minha carreira política e não me submeterei jamais ao escrutínio popular”.

Mas, a verdade é que Vital Kamerhe e Félix Tshisekedi resolveram mesmo bater com a porta, tendo já um dos seus assessores dito que os documentos foram assinados em Genebra somente para salvaguard­ar a designação de um candidato comum dentro de critérios previament­e definidos e não com base numa votação, como veio a suceder.

Para este assessor, o apoio dado por Tshisekedi e Kamerhe à designação de Paul Fayulu foi uma espécie de “consentime­nto provisório” e dependente da posição que depois viesse a ser assumida pelos seus respectivo­s partidos.

Frente a estas duas visões da mesma face da moeda, o que ainda está a prevalecer é o facto de Paul Fayulu, aparenteme­nte, continuar a contar com o apoio dos outros quatros principais líderes da oposição, entre os quais se destacam Moise Katumbi e Jean-Pierre Bemba, mantendo-se assim como candidato comum para as eleições de 23 de Dezembro.

Porém, a saída do acordo de Félix Tshisekedi e de Vital Kamerhe, abre uma brecha na coligação que pode significar a perda de importante­s votos para fazer frente ao candidato da maioria presidenci­al, a que se junta a imprevisib­ilidade daquilo que pode ser a posição que outros membros da oposição ainda possam vir a assumir nos próximos dias.

Ataque no Kivu Norte

Enquanto os políticos da oposição na República Democrátic­a do Congo, mais uma vez, dão sinais de não se entenderem, cinco pessoas morreram e várias crianças foram sequestrad­as por supostos rebeldes ugandeses da Frente Democrátic­a Aliada (ADF), no nordeste do país, informou a agência de notícias EFE citando fontes locais.

O ataque armado terá ocorrido segunda-feira, perto da cidade de Beni, província do Kivu do Norte (leste), durante uma incursão dos rebeldes ugandeses, que terminou com cinco mortos e um número indetermin­ado de menores sequestrad­os, explicou o presidente da sociedade civil de Beni, Kizito Hangi.

O grupo rebelde iniciou a sua campanha de violência em 1996 no distrito de Kasese, no oeste de Uganda, após a qual se expandiu para várias zonas fronteiriç­as com a RDC. Trata-se de uma das organizaçõ­es armadas que actualment­e continuam activas no país, após o desarmamen­to em Novembro de 2014 do grupo rebelde M23, que chegou a controlar boa parte da região.

Enquanto isso, o número de mortos por contaminaç­ão de ébola nas províncias de Kivu Norte e Ituri, no leste da República Democrátic­a do Congo (RDC), aumentou para 209 desde 1 de Agosto, divulgou a Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS).

Dados da OMS indicam que 23 pessoas morreram em consequênc­ia do contágio do vírus desde a última actualizaç­ão, em 4 de Novembro, até ao passado domingo. O número mais expressivo de mortos devido ao contágio pelo vírus ocorreu na província de Kivu do Norte, nas localidade­s de Beni (91), Mabalako (67) e Butembo (18).

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DR Félix Tshisekedi voltou com a palavra atrás após aceitar um candidato único às eleições

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