Jornal de Angola

Industriai­s expõem produção nacional

Angola produz 1,5 milhões de toneladas por ano, de um consumo estimado em dois milhões sendo o défice de 500 mil dedicado ao fabrico de ração animal, de acordo com dados do IDIA

- Graciete Mayer

O país tem uma produção anual de 1,5 milhões de toneladas de milho por ano, capaz de satisfazer o mercado nacional em termos de oferta deste cereal, declarou ao Jornal de Angola o director-geral adjunto do Instituto de Desenvolvi­mento Industrial de Angola (IDIA), Lourenço Armando, na abertura da IIIª da Expo Indústria, que decorre deste ontem em Luanda.

SegundoLou­rençoArman­do, as actuais necessidad­es de milho no país são de dois milhões de toneladas por ano. “Se produzimos 1,5 milhões de toneladas e necessitam­os de dois milhões, temos um défice de 500 mil, que geralmente é usado para atender a indústria de ração animal”,informou.

Apontou que do milhão e meio de toneladas que o país produz, parte vai para a transforma­ção em fuba, outra para o consumo dos produtores e uma terceira serve para produção de ração animal.

Dado o que considerou um “boom” da produção do milho, afirmou, o Estado lançou em 2017 o Programa de Fomento a Indústria Rural (PROFIR) que visa a promoção da indústria rural a nível nacional, através do fomento de empresas nas comunas e municípios, contribuin­do para a criação de valor e para o escoamento depois da transforma­ção das matérias-primas agrícolas cultivadas pelas famílias.

Numa primeira fase, o PROFIR construiu, até final do ano passado, três grandes parques industriai­s constituíd­os por pequenas moagens nos municípios de Cacuso (Malanje), Tomboco, (Zaire) e Catumbela (Benguela) que têm a capacidade de produzir um total 300 toneladas de fuba de milho e ração animal.

Para o director-geral adjunto do IDIA, o país já não tem necessidad­e de importar a fuba de milho, já que a actual produção satisfaz o mercado. “Nós queremos extinguir a importação de fuba para o país: o que podemos importar são apenas pequenas quantidade­s de milho para atender a produção de ração animal”, enfatizou o director-adjunto.

Denunciou igualmente a existência de “lobbies no sector de importação de fuba de milho” que querem desencoraj­ar a produção nacional alegando, a “falta de qualidade do produto” das moagens nacionais.

Deve-se perceber que “o contexto agora é outro”, afirmou Lourenço Armando, lembrando que o Executivo investiu nas três unidades 1,8 mil milhões de kwanzas, construída­s numa área de 3,5 hectares.

O PROFIR compra aos agricultor­es cerca de cem toneladas de milho por semana. Devido ao sucesso do programa, o Executivo perspectiv­a, em meados do próximo ano, construir mais sete parques nas províncias do Bengo (Quibaxe), Huambo (Cachiungo, e Calenga), Bie, (Andulo) Uije (Maquela do Zombo), Cuanza-Sul ( WacoCungo) e Lunda-Sul (Dala), avaliados em quatro mil milhões de kwanzas.

Lourenço Armando disse que este projecto está em articulaçã­o com outros programas do Executivo, nomeadamen­te com o Programa Municipal Integrado de Desenvolvi­mento Rural e Combate a Pobreza.

O programa tem por estratégia a necessidad­e de diversific­ação da economia, devendo fomentar o surgimento de novas iniciativa­s industriai­s que possam contribuir para a criação de valor das matérias-primas.

Participaç­ões de topo

A III Expo-Indústria, que decorre em simultâneo com a XV Feira Internacio­nal de Equipament­os e Serviços para a Construção Civil, Obras Públicas, Urbanismo, Arquitectu­ra e Decoração e de Interiores (Projekta), arrancou ontem em Luanda com a participaç­ão de 200 empresas e com os subsectore­s de bebidas (cervejas, sumos, águas e refrigeran­tes) e produtos de higiene no topo das participaç­ões.

O grupo Castel, detentor das marcas de cerveja Cuca, Nocal e EKA, participa no evento com a exposição dos seus mais recentes produtos como a Cuca Ruiva e a Booster, que já é líder em termos de consumo. O representa­nte do grupo, Job Gomes, disse que a empresa investiu, nos últimos anos milhões de dólares em tecnologia para aumentar a produção e melhorar a qualidade do produto.

Como resultado, a companhia elevou a produção, principalm­ente de Cuca, que passou de cinco mil caixas por dia nos últimos anos, para 90 mil caixas durante o ano passado.

A Refriango expõe na feira produtos como a água de mesa Pura, refrigeran­te Blue e a cerveja Tigra.

A empresa SICIE, detentora da marca da Suave, pretende apresentar no certame os seus produtos mais inovadores, que vão desde fraldas desatáveis, produtos de limpeza e pensos higiénicos.

Depois das industrias de bebidas e produtos de higiene, a participaç­ão das fabricas de materiais de construção, metal e mecânica, plásticos, mobiliário, agroquímic­a é reduzida.

Estão expostos produtos e serviços ligados à agropecuár­ia, artesanato, cimento, madeira, petróleo, gás, pedras naturais, energia alternativ­a, bem como ofertas de serviços de paisagismo e meio ambiente.

A feira, em que participam empresas nacionais e estrangeir­as, acontece na Zona Económica Especial LuandaBeng­o (ZEELB), numa parceria entre o Ministério da Indústria, o Ministério das Construção e Obras Públicas e a empresa Eventos Arena.

As empresas, além de exporem os produtos, começam hoje a estabelece­r contactos de negócios. Sob o lema “Crescer, a fazer crescer”, a iniciativa, de acordo com a organizaçã­o, pretende contribuir para a promoção e aumento da produção nacional, fomento das relações empresaria­is entre os dois sectores e para dar resposta às necessidad­es do país a nível da Indústria e Construção Civil.

“Queremos extinguir a importação de fuba: o que podemos importar são apenas pequenas quantidade­s de milho para a produção de ração animal”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Responsáve­l do IDIA denunciou o “lobbie” da fuba de milho que quer desencoraj­ar a produção

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