Antigo ministro do Interior também sai do Parlamento
O envolvimento do antigo ministro do Interior em escândalos de corrupção, alguns deles com os conhecidos irmãos Gupta, também arrolados em processos que envolvem o ex-Presidente Jacob Zuma, levou-o a presentar demissão do Governo, prontamente aceite por Cyril Ramaphosa, e agora de deputado. Ele sabia que, na terçafeira, tem de defender-se no Parlamento sobre as acusações
O antigo ministro sul-africano do Interior, Malusi Gigaba, que na próxima terça-feira deveria responder no Parlamento a acusações de participação em diferentes casos de corrupção, escreveu uma carta à presidente daquela instituição, Baleka Mbete, onde apresentou a demissão de deputado pelo ANC, que deveria agora automaticamente assumir depois de ter saído do Governo.
Dois dias antes, Gigaba havia renunciado também ao cargo de ministro do Interior, alegando que o fazia “para o bem do país e do partido” e para “libertar” o Presidente de uma “pressão indevida que o impedia de concentrar-se em melhorar a vida dos habitantes da África do Sul.”
Na verdade, o que se passou é que o antigo ministro do Interior foi apanhado a mentir perante o tribunal quando negou que havia autorizado uma companhia da multibilionária família Oppenheimer a operar um terminal privado no Aeroporto Internacional de Joanesburgo.
Além desta mentira, desmascarada pela imprensa e pelos tribunais, Gigaba também é acusado de ter participado no saque de fundos estatais por parte da família de empresários de origem indiana, os célebres irmãos Gupta, ligados também a vários escândalos de corrupção que envolvem o exPresidente Jacob Zuma.
Como se tudo isto não fosse já o suficiente para atrapalhar a vida do ministro do Interior, surgiu também nas redes sociais um comprometedor vídeo de carácter sexual onde ele era o principal protagonista.
Em Outubro, dois tribunais anti-corrupção solicitaram ao Presidente Ramaphosa que tomasse medidas disciplinares contra o ex-dirigente da ala juvenil do ANC face aos escândalos em que ele estava directamente envolvido. Finalmente, Cyril Ramaphosa terá achado que bastavam já as diabruras do jovem e controverso ministro do Interior, criando então as condições para que este se demitisse.
De referir que Gigaba deveria responder na próxima terça-feira no Parlamento a perguntas sobre o processo de naturalização dos irmãos Gupta e sobre o caso do assunto do terminal privado no Aeroporto Internacional de Joanesburgo, entre outros que interessavam aos deputados das diferentes bancadas parlamentares.
Tribunal encerra Banco VBS Mutual
Entretanto, o Tribunal Supremo de Pretória ordenou esta semana a liquidação do banco VBS Mutual, na sequência do escândalo que provocou a revelação de uma fraude de 140 milhões de dólares.
A solicitação do encerramento definitivo desta instituição bancária foi apresentada perante os tribunais, pela autoridade do Banco da Reserva Sul-Africana, encarregado de fiscalizar os bancos, seguradoras e cooperativas financeiras.
De acordo com a imprensa sul-africana, a ordem de liquidação do referido banco foi emitida pelo juiz J.W. Louw, num procedimento de apenas dez minutos.
De acordo com porta-vozes do Banco da Reserva, a solicitação para encerrar o VBS Mutual deveu-se ao facto de o banco ser “irremediavelmente insolvente, tanto do ponto de vista objectivo como comercial.”
Recentemente, perante o parlamento, o vice-governador do Banco da Reserva, Kuben Naidoo, detalhou o modo de funcionamento ilícito do VBS, que consistia em pagar para que quem tivesse conhecimento das fraudes as ignorasse.
Esse organismo apresentou uma informação detalhada ao Presidente Cyril Ramaphosa, ao concluir as suas pesquisas, nas quais cita funcionários governamentais dos municípios que desviaram ilegalmente fundos públicos no VBS e outros que se aproveitaram das vantagens que lhes ofereceram, entre eles dois dirigentes do Congresso Nacional Africano (ANC), na província de Limpopo.