Jornal de Angola

Paris em chamas

Paris e outras cidades francesas voltam a viver sábado o caos com cenas de confrontos entre manifestan­tes e as forças da ordem

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Cerca de 31 mil “coletes amarelos” saíram ontem às ruas de toda a França no quarto grande dia de protestos, que conduziram a mais de 1000 detenções, 673 das quais em Paris, segundo o Governo.

De acordo com os meios franceses, os protestos de ontem não foram tão violentos como no fim-de-semana passado. Uma maior preparação por parte das autoridade­s pode ser a razão.

A medição de forças com o Governo francês foi mitigada esta última semana, com um recuo na decisão de aumentar a taxação sobre os combustíve­is, mas os coletes amarelos prometem continuar na rua, mantendo-se o sentimento de insatisfaç­ão e de impasse social. Deixou de ser um braço-de-ferro político e tornou-se numa espécie de punho de aço sobre a governação do Presidente Emmanuel Macron.

O Governo e as autoridade­s estimam que cerca de 31 mil pessoas tenham saído à rua em cidades como Paris, Lyon e Toulouse. Esperandos­e uma nova situação de guerrilha urbana, foi destacado para as ruas de França um contingent­e de 89 mil agentes, sendo que oito mil estavam em Paris.

Adoptando uma estratégia mais dura, os agentes revistavam os manifestan­tes, o que levou a dezenas de detenções preventiva­s logo ao início dos protestos. Foram também usados canhões de água e gás lacrimogén­eo em cargas sobre os manifestan­tes.

No meio dos tumultos, alguns carros foram incendiado­s e algumas lojas foram saqueadas, tendo-se registado 55 feridos, três deles polícias.

Pouco depois das 9h00 locais (menos uma em Angola) registaram-se situações de tensão entre os manifestan­tes e a Polícia anti-motim, que impediu os “coletes amarelos” de atravessar a avenida nas proximidad­es do Palácio do Eliseu.

Cerca de uma hora depois, a polícia lançou gás lacrimogén­io para dispersar as dezenas de “coletes amarelos” que tentavam chegar à rua “Arséne Houssaye”, adjacente aos Campos Elísios. Um pouco mais tarde, por volta do meiodia, as autoridade­s dispararam canhões de água contra os manifestan­tes. Também foram ouvidos disparos de armas automática­s.

Alguns depósitos de lixo ardiam nas ruas e manifestan­tes atiravam pedras contra a polícia anti-motim.

A rápida actuação da Polícia pareceu revelar as ordens que receberam no sentido de reagir para evitar que se voltassem a registar as cenas de guerrilha urbana assistida na última semana. De acordo com testemunho­s no local, o ambiente estava “um pouco menos tenso” do que há uma semana. Ainda assim, imprevisív­el.

As autoridade­s mobilizara­m para estas manifestaç­ões cerca de 90 mil agentes das forças da ordem.

A presidente da União Nacional, Marine Le Pen, pediu ao Presidente francês, Emmanuel Macron, “respostas fortes” face ao “sofrimento social” manifestad­o pelos “coletes amarelos”, que protestam em Paris e em toda a França.

“É preciso que (Mácron) tome consciênci­a do sofrimento social e lhe dê respostas fortes e imediatas”, afirmou em Bruxelas, à margem de um encontro sobre o Pacto Global para a migração, organizado pelo partido nacionalis­ta flamengo Vlaams Belang, no qual participa também Steve Bannon, exconselhe­iro de Donald Trump.

“Apelo uma vez mais ao Presidente da República para ter em conta o sofrimento que é manifestad­o e dar-lhe uma resposta”, insistiu a líder da extrema-direita francesa, pedindo também a Macron para não ficar fechado no Eliseu e calado.

O movimento dos “coletes amarelos” começou há algumas semanas em protesto contra o aumento do preço dos combustíve­is, entretanto já suspenso pelas autoridade­s.

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 ?? DR ?? Grupo de manifestan­tes infiltrado­s entre “coletes amarelos” cometem actos de vandalismo nas cidades francesas
DR Grupo de manifestan­tes infiltrado­s entre “coletes amarelos” cometem actos de vandalismo nas cidades francesas

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