Veículos a gasóleo na mira das cidades mais activas
Na Alemanha, o quarto maior produtor de automóveis do mundo, os tribunais disseram que Düsseldorf e Estugarda podem proibir circulação de carros a gasóleo
Durante muito tempo, ter um carro movido a gasóleo era uma aspiração da maioria dos utentes, sobretudo devido à diferença de preços dos combustíveis. Actualmente, em Angola, um litro de gasolina custa 160 kwanzas e o de gasóleo 135. Prevêem-se subidas: para 370, no primeiro caso, e para 250, no segundo. São exigências do FMI.
O Fundo Monetário Internacional sugere que o Governo angolano duplique os preços em oito meses, para eliminar os subsídios à petrolífera estatal Sonangol para manter os preços baixos.
O organismo estima que os preços da gasolina e do gasóleo precisariam de ser ajustados em 100 por cento, para eliminar os subsídios actualmente absorvidos pela Sonangol. Ou seja, os economistas afectos à Sonangol apontam para mais. O FMI indica que o reajustamento pode ser implementado de forma gradual ao longo dos próximos oito meses, de forma a “suavizar o impacto na inflação”. Seria algo similar ao que sucedeu no período entre 2014 e 2016, quando o Governo reduziu os subsídios aos preços.
A 1 de Janeiro de 2016, o gasóleo deixou de ser comparticipado pelo Estado, passando ao regime de preços livres, tal como acontecia com a gasolina desde Abril de 2015. Essas alterações quarto aumento de preços em menos de dois anos foram então implementadas pela Sonangol, com o litro de gasóleo a custar 135 kwanzas, face aos anteriores 90 Kwanzas. Em simultâneo, o preço do litro de gasolina que já estava em regime de preço livre - passou a custar 160 kwanzas, contra os anteriores 115 kwanzas.
Contudo, desde Setembro de 2015, a seguir ao escândalo da manipulação dos gases de escape que afectou milhões de motores do Grupo Volskwagen, os níveis de popularidade dos veículos a gasóleo caíram a pique, coincidindo com o início de novas estratégias ambientalistas, com vista à limitação ou completa erradicação dessa tecnologia.
Só na Europa, no ano passado, as vendas de viaturas com motores a gasóleo desaceleraram mais de 7,00 por cento, para uma quota de mercado de 43,7 por cento, (representa 6,76 milhões de vendas), considerada a mais baixa da última década. Cidades activas
Algumas cidades começaram a restringir a circulação desse tipo de veículos. Na Alemanha, o quarto maior produtor de automóveis do mundo, os tribunais declararam que Düsseldorf e Estugarda possuem legitimidade para aprovar medidas que travem os níveis de emissão de óxidos de nitrogénio (NOx), validando, por exemplo, a possibilidade daqueles municípios limitarem ou impedirem a circulação de carros com motores a gasóleo.
Hamburgo, por seu lado, foi mais longe e tornou-se a primeira cidade alemã a impedir a circulação de carros a gasóleo nalgumas das suas artérias. A proibição é ainda parcial, pois a limitação só afecta automóveis (ligeiros e pesados) que não cumpram a mais recente norma de emissões Euro 6. A medida prevê um regime de excepção apenas válido para os transportes públicos, veículos camarários e residentes nas artérias afectadas pela limitação.
Copenhaga, capital da Dinamarca, prepara-se para a introdução de uma medida semelhante, já no próximo ano. A circulação será limitada em Londres, a partir de 2019, com a introdução das chamadas zonas de “emissões ultrabaixas”, que prevê até a aplicação de taxas específicas. Enquanto isso, os automóveis a gasóleo serão também proibidos em ruas de Atenas, Madrid, Paris e Cidade do México, até 2025.
Na China, o maior mercado automóvel do mundo, existem planos para banir a circulação e proibir a produção e comercialização de automóveis movidos por combustíveis fósseis, como o Diesel. A Índia, um dos países mais poluídos do globo, anunciou que, em 2030, só comercializará automóveis equipados com motores eléctricos.
Agora ou nunca
A “guerra” aos veículos movidos a gasóleo surge num contexto geral de consciencialização em face do aumento exponencial dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada da ONU, divulgou recentemente que, em 2017, estes atingiram um valor recorde e, segundo o secretário-geral do organismo, “se não reduzirmos rapidamente os gases com efeito de estufa, nomeadamente, o dióxido de carbono (CO2), as alterações climáticas terão consequências irreversíveis e cada vez mais destrutivas para a vida na Terra”.
No ano passado, quando se esperava que a elevação fosse muito menor, porque o clima foi afectado pelas condições do “El Niño”, atingimos a perigosa faixa de 405,5 partes por milhão (ppm), muito acima das 403,3 ppm registadas em 2016. O CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, que provoca o aquecimento global.
O Fundo Monetário Internacional sugere que o Governo angolano duplique os preços dos combustíveis para eliminar os subsídios à petrolífera estatal Sonangol e para manter os preços baixos.