Jornal de Angola

Partido de Joseph Kabila obtém maioria absoluta no Parlamento

Vai ficar reduzido o espaço de manobra de Félix Tshisekedi, líder da oposição anunciado na quinta-feira como futuro Presidente. Fala-se de golpe palaciano para garantir a continuaçã­o da influência do Chefe de Estado cessante, que 18 anos depois assume que

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A Frente Comum pelo Congo (FCC), a coligação actualment­e no poder na República Democrátic­a do Congo (RDC), alcançou a maioria no Parlamento nas eleições de 30 de Dezembro, segundo anunciou ontem a Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (CENI).

Na quinta-feira, o mesmo organismo tornou pública a surpreende­nte eleição de Félix Tshisekedi, líder do maior partido de oposição, a UDPS (União para a Democracia e Progresso Social) e não daquele a quem todas as sondagens de tendência de voto davam vantagem, Martin Fayulu, líder do ECD e grande contendor do Presidente dos últimos 18 anos, Joseph Kabila. Tudo parece contribuir para compor um cenário político tenso na República Democrátic­a do Congo, que depositou esperanças na que será a primeira transição democrátic­a ou, pelo menos, não violenta, dos últimos 59 anos, desde a independên­cia.

O que se comenta nos órgãos de comunicaçã­o social congoleses é uma suspeita que ganha densidade: que esta vitória presidenci­al tenha decorrido de uma combi- nação de bastidores que tem por objectivo manter a influência de Kabila sobre as pastas mais importante­s do próximo Governo e sobre as forças de segurança.

Manter influência a todo o custo

Mesmo que tal não venha a acontecer, os poderes do Presidente agora eleito virão a ser bastante limitados pelo Parlamento com aquela configuraç­ão partidária, impedindo-o muito provavelme­nte de concretiza­r a promessa eleitoral de cortar com duas décadas de liderança do PR cessante.

Joseph Kabila, o Presidente ainda no activo, já deixou claro que não se retira da política e que poderá candidatar-se à presidênci­a em 2023, livrandose deste modo da limitação de número de mandatos prevista na Constituiç­ão.

É esta também que prevê amplos poderes para a maioria parlamenta­r. O Presidente aponta o PrimeiroMi­nistro das suas fileiras, mas este deve contrapor as ordens presidenci­ais no que toca a nomear ou demitir as chefias militares, judiciais e dos gestores das empresas estatais.

Adam Chalwe, secretário nacional do partido PPRD, liderado por Joseph Kabila, o maior da coligação FCC no poder, declarou ontem à agência Reuters que o escrutínio individual dos candidatos da FCC resultou na eleição de 300 dos 500 lugares do Parlamento.

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DR Presidente Joseph Kabila vai continuar a exercer uma grande influência na governação

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