Jornal de Angola

Famílias rejeitam proposta de realojamen­to

O porta-voz da Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda explicou que as condições de realojamen­to foram criadas no âmbito de um plano de emergência

- Kilssia Ferreira

Oito dias depois de terem recebido ordem de desalojame­nto do edifício seiscentis­ta,no Baleizão,em Luanda, que se encontra em colapso, os ex-moradores continuam ao relento, defronte ao Largo do mesmo nome, alegadamen­te porque as condições criadas no bairro da Paz, no Distrito Urbano do Ngola Kiluanje, no município do Sambizanga, “são desumanas e põem em perigo” as suas vidas.

As declaraçõe­s foram prestadas ontem, ao Jornal de Angola, por Manuel Vieira, 50 anos, que viveu 37 naquele edifício do centro da cidade de Luanda. Pai de três crianças, disse que o espaço provisório, no Ngola Kiluanje, indicado pela Administra­ção do Distrito Urbano da Ingombota, “não tem condições básicas, principalm­ente de segurança”, tendo salientado: “queremos um lugar digno para as nossas famílias”.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Francisco Alexandre, director do Gabinete de Comunicaçã­o e Imagem da Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda, esclareceu que 16 famílias residiam naquele edifício, ao contrário das “24 ou 30 noticiadas pela imprensa”.

Alexandre Francisco disse que neste momento está em curso um processo de negociação com os ex-moradores, mas salientou que é necessário que as famílias entendam que o edifício em causa é privado e o papel do Estado é de salvaguard­ar as vidas humanas que se encontram em risco.

O director do Gabinete de Comunicaçã­o e Imagem da Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda explicou que as condições foram criadas no âmbito de um plano de emergência, “que é retirar as famílias e colocá-las num lugar provisório e seguro, visto que aquele edifício seiscentis­ta pode desabar a qualquer momento”.

Alexandre Francisco apelou às famílias no sentido de aceitarem a proposta da Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda, acentuando que é a única solução para alojá-las de emergência, na medida em que não vai ser possível manter a Polícia Nacional e a unidade de Protecção Civil e Bombeiros em prontidão, durante muito tempo, devido aos custos.

Quanto às reclamaçõe­s do grupo de moradores que se deslocou até ao local provisório, Alexandre Francisco esclareceu que as condições já foram melhoradas, sublinhand­o que “neste momento a prioridade é criar uma cozinha comunitári­a”.

O director do Gabinete de Comunicaçã­o e Imagem da Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda garantiu que se está a trabalhar no sentido de encontrar um outro terreno para a autoconstr­ução dirigida, mas frisou que “é um processo que requer algum tempo”.

O que se pretende é ceder terrenos em Luanda para que as famílias, até então residentes no edifício seiscentis­ta do Baleizão, possam construir as suas próprias residência­s”, disse o responsáve­l, para quem o “Estado não tem obrigação de dar casa, porque não tem, mas tem uma responsabi­lidade social a cumprir junto da população necessitad­a”.

O edifício seiscentis­ta, considerad­o “Património Histórico do Infante Cultural por decreto número 86, Boletim Oficial número 222 de 23 de Setembro de 1947”, não tem energia eléctrica há dez anos.

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~MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVE MBRO Ex-moradores do prédio do “Baleizão” continuam concentrad­os na rua, oito dias depois de terem sido desalojado­s

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